Bruno Magalhães e Paulo Grave deram de facto um pontapé na monotonia da prova do Clube Automóvel da Marinha Grande, brindando-nos com um desempenho de grande qualidade e sem reparo. Lideraram de início a fim, controlaram sempre a situação e deram a clara sensação (que o próprio piloto confirmou) de que se fosse necessário «ir buscar» mais um bocadinho, tinham margem para isso. Não muita, porque Bruno também reconheceu que andaram sempre muito rápido, mas alguma.
O lisboeta está mesmo num grande momento de forma e a prová-lo está a coragem com que ele e equipa «atacam» o desafio do Rali Sanremo, onde vão encontrar uma concorrência fortíssima quer em qualidade quer em quantidade. E esse é o caminho para a afirmação: não temer qualquer desafio... Regressando a esta prova e continuando a falar de desafios, o que Bruno traçou para este ano está quase superado, porque o primeiro título absoluto está só à distância de um sexto lugar e todos concordarão que ficará muito bem entregue.
O próprio José Pedro Fontes será o primeiro a fazê-lo, não pelo que se passou nesta prova, porque se assim fosse desde início as contas do título teriam o cálculo bem mais em aberto, mas as dificuldades com um carro que nunca esteve perto da perfeição - senão na Madeira e aí houve que fazer tábua rasa em função dos problemas de motor no shakedown – arredaram o portuense da luta quase desde início. E não fosse o erro de Bruno nos Açores, já não havia qualquer conta a fazer...Mas aqui «Zé» Pedro, sempre com as precisas notas de Fernando Prata, encontrou finalmente um carro competitivo e isso reflectiu-se imediatamente no cronómetro. Ajudou a manter a emoção (a dois) em aberto, mesmo se nunca chegou a ameaçar realmente o rival da Peugeot, que ganhou o primeiro rali (sexta-feira) por pouco mais de 12 segundos e o segundo (sábado) por quase cinco, o que valeu os 17,4 segundos de diferença final.
Tudo porque a Fiat trabalhou bem e emagreceu o Punto S2000 em 15 quilos, mas ainda faltam 30 para chegar ao peso do Peugeot. Só que agora são apenas questões de pormenor, como disse Fontes, visivelmente satisfeito. E isso até se notou na progressão do carro ao longo da prova em que atingiu o expoente máximo na última secção, na qual foi mesmo o mais rápido – embora o vencedor já tenha gerido um pouco. Mas é também certo que 30 quilos significam sete cavalos a menos em cerca de 270 e isso quase só por si justifica a diferença, dando ainda mais mérito à prova do piloto da Fiat, que já vai certamente poder discutir a vitória na próxima ronda, em Mortágua.
Mas este foi um rali a dois tempos e se Bruno e «Zé» Pedro andaram a sério, o tempo dos restantes protagonistas do Campeonato foi bem menos rápido, muito por culpa de limitações mecânicas. «Mex» e António Costa foram terceiros, repetindo o maiato o melhor resultado da carreira, mas já a quase três minutos do vencedor, o que é de facto muito tempo. Mesmo se o piloto se queixou de uma frente do carro demasiado solta no primeiro dia. De qualquer forma, o resultado foi muito positivo (um terceiro e um quarto lugares) e «Mex» não poderia aspirar a melhor em circunstâncias normais, ou não fossem os dois primeiros pilotos oficiais...
A melhor poderiam aspirar Fernando Peres e José Pedro Silva, mas não foram além do quarto posto (quinto e terceiro), porque o azar – só no continente, felizmente para a dupla – insiste em não os largar. Desta vez foi um problema de motor que não conseguiram identificar durante toda a prova, mas que fazia com que o motor sobreaquecesse e com que Peres tivesse de colocar, em todos os troços, desde o primeiro, três litros de água no radiador. O problema foi algo minorado no segundo dia e o portuense pôde recuperar algum do prejuízo, mas rodou sempre limitado e foi vísivel a sua frustração ao longo de todo o rali.
Vítor Pascoal e Joaquim Duarte terminaram em quinto, depois de terem sido quartos no primeiro dia. O piloto de Amarante estava a fazer uma boa prova até que deu um toque numa pedra que lhe desalinhou a direcção, recuando um pouco a roda dianteira direita. Essa situação deixou-o fora da luta pelo pódio, pelo que fez uma última secção sem correr riscos, definindo agora como objectivo para a época segurar o trceiro posto que ocupa, com uma vantagem de nove pontos sobre Peres.O colega de equipa Nuno Barroso Pereira, agora com Nuno Rodrigues da Silva, foi sexto (oitavo no primeiro dia) e optou por uma toada de aprendizagem do novo carro, o muito bonito VW Polo S2000. Foi melhorando ao longo do rali, mas o grande objectivo é fazer quilómetros em condições de corrida para se adaptar, porque pretende correr com um S2000 no próximo ano.
Muito bem estiveram Francisco Barros Leite e Luís Ramalho, com um excelente sétimo lugar. E só não discutiram o sexto posto com Barroso Pereira, porque um rolamento gripado numa roda, durante os dois últimos troços, obrigou o piloto a cautelas reforçadas para chegar ao fim, sempre com o risco de a roda se soltar. Para além do bom sétimo posto, conquistou ainda a liderança do Agrupamento de Turismo a Pedro Leal (aqui com Jorge Carvalho), que não foi além do 10º posto, num rali em que tudo lhe aconteceu...
Resta referir o brilhante oitavo lugar de Paulo Antunes e Jorge Amorim e a prova discreta mas sempre em crescendo de Carlos Matos e Duarte Gouveia, que lideram a classe até 1600cc.
Valter Gomes continua sem sorte e teve mais despiste que poderia ter tido consequências mais graves, mas felizmente não as teve. É um piloto rápido e espectacular, mas tem de moderar os ímpetos e espera-se que surja na próxima ronda, porque faz falta ao Nacional.
Bernardo Sousa também comprometeu um bom resultado – se bem que fez uma boa prova – com uma saída de estrada e o azar de estar numa zona sem público, o que lhe custou 14 minutos para regressar ao troço.
Nota negativa ainda para os poucos inscritos na prova - 35, o que só por si já é um simbolismo do mau período que o nacional de ralis atravessa.
Também um aspecto negativo refere-se ao mau estar entre Armindo Neves e Frederico Gomes, com este último a acusar o adversário de ter cedido tempos incorrectos, que o fizeram abrandar o ritmo na certeza de um lugar no pódio do Troféu C2. Armindo Neves defende-se afirmando que se tratou de um equivoco do seu navegador, e que não tinha sido propositado.
Próxima prova - Rali de Mortágua.
Texto alterado de Motor Online
Sem comentários:
Enviar um comentário