Apesar de este ser um ano ímpar, Marcus Gronholm está embalado rumo ao título e nem a pausa de Verão parece ter incomodado o finlandês, que regressou das férias como as começou, a vencer. O terceiro lugar de Sebastien Loeb deixa o frânces à beira do KO e nem o facto de faltarem quatro ralis de asfalto lhe serve de grande alento.
Se em Monte Carlo Sebastien Loeb dificilmente tem adversários, na Finlândia passa-se o mesmo com Marcus Gronholm. À partida o líder do campeonato era o grande favorito, como sempre neste milénio, e apenas a juventude do novo Ford Focus WRC poderia colocar algumas dúvidas sobre quem seria o vencedor da edição 2007 do Rali da Finlândia. Nem o facto de abrir a estrada perturbou o líder do «Mundial» que demorou cinco especiais a chegar em definitivo à liderança, mas a partir desse momento não voltou a ser incomodado, embora Mikko Hirvonen nunca tenha dado descanso a Gronholm. Ao vencer 17 das 23 classificativas, o piloto da Ford deixou evidente quem era o mais forte e vai agora para a Alemanha consciente que qualquer que seja o resultado manterá a liderança do campeonato. Mais, Gronholm só precisa de ficar uma vez até ao final da época na frente de Loeb, se nas restantes seis provas ficar imediatamente atrás do francês. E se no «Mundial» de Pilotos as contas parecem estar claramente favoráveis ao campeão de 2000 e 2002, nas Marcas o domínio da Ford é ainda mais avassalador, com 40 pontos de vantagem sobre a Citroën, e também aqui as contas parecem tender largamente para os homens da «oval azul», até porque têm demonstrado uma fiabilidade superior.Se Gronholm é o rei de Jyvaskyla, Hirvonen começa rapidamente a tornar-se o príncipe. Mais uma vez foi o fiel seguidor de Gronholm e esteve sempre mais perto de se chegar ao líder do que ser incomodado por Loeb, demonstrando que o Rali da Finlândia é mesmo um evento à medida dos locais e onde até hoje apenas dois mediterrânicos, Carlos Sainz e Didier Auriol, conseguiram quebrar a hegemonia dos nórdicos, pois a Estónia de Markko Martin, vencedor de 2003, é muito perto da Finlândia. A equipa liderada por Malcolm Wilson ficou ainda com a certeza que no dia que Gronholm abandonar, o que pode acontecer no final do ano, tem um substituto à altura, pelo menos quando joga em casa.
Para esquecer foi a exibição de Sebastien Loeb. O francês ao longo de todo o fim-de-semana venceu apenas uma especial e nunca demonstrou andamento para os dois da frente. É certo que perdia pouco por classificativa, mas de pouco em pouco ficou a mais de um minuto de Gronholm e de 45 segundos de Hirvonen, isto apesar do alsaciano ter afirmado que andou sempre muito depressa e que tem dificuldade em perceber como se pode andar mais depressa nestas especiais. Talvez a resposta esteja no novo Focus, ou no facto de alguns troços serem novos, o que dificulta mais a tarefa a quem não está habituado a rodar num terreno tão específico como o finlandês. Mais uma vez Petter Solberg não teve a sorte pelo seu lado. No início do rali teve problemas de direcção, que depois de resolvidos reapareceram na segunda etapa e acabaram por levar ao abandono, até porque a equipa não sabia a origem e acabou por mandar o Impreza para a sua base em Inglaterra. Mas se para Solberg as coisas não correram bem, a Subaru ainda assim teve motivos para sorrir. Chris Atkinson repetiu o resultado de Monte Carlo, mas assinou a sua melhor exibição do ano, sendo regularmente o mais rápido e se nunca esteve em condições de ir ao pódio, também não foi incomodado por ninguém na luta pela quarta posição. Excelente foi também o regresso de Xavier Pons ao campeonato, coroado com o sexto posto. O início do espanhol foi modesto, mas à medida que a prova foi avançando foi ficando cada vez mais à vontade e ascendeu até aos lugares pontuáveis. Beneficiou de alguns abandonos de pilotos que estavam a ser mais rápidos, mas mereceu os três pontos somados. Entre os dois homens da Subaru ficou Henning Solberg. O mais velho dos irmãos noruegueses continua a fazer uma temporada muito regular e com a quinta posição igualou «Dani» Sordo no quarto lugar da tabela de pilotos.
Com os abandonos de Manfred Stohl, Jari-Matti Latvala, «Dani» Sordo e Petter Solberg, sobraram lugares pontuáveis para pilotos pouco habituados a esses feitos. Na segunda prova ao volante de um WRC, depois da estreia na Acrópole, Urmo Aava levou o Mitsubishi Lancer ao sétimo posto, enquanto o jovem Mads Ostberg bateu Guy Wilws por escassos 7,5s na luta pelo derradeiro ponto em discussão. O jovem britânico perdeu a possibilidade de se estrear a pontuar, quando na segunda etapa danificou o Ford na aterragem de um salto mais optimista e perdeu algum tempo até ao final do dia.
Quem continua a desiludir é Matthew Wilson. Apesar do 10º lugar, o jovem inglês foi batido por outros pilotos da sua geração, mas com menos conhecimento dos WRC, como são os casos dos três pilotos que ficaram imediatamente à sua frente. Quanto aos homens da Munchi, em tempo de estreia na Finlândia, conseguiram levar os dois Focus ao fim, mas na 11ª, Luís Perez Companc, e 14ª, Federico Villagra, posições respectivamente.
Texto: Miguel Roriz em Motor Online
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