Mais uma vez, e pela sexta consecutiva, Sebastien Loeb foi o mais forte no Rali da Alemanha, mas desta vez teve um adversário à altura... e algo surpreendente: François Duval. E quando parecia que continuava na caminhada fácil para o título, Marcus Gronholm não evitou um erro no último troço que lhe custou três pontos.
O mês de Agosto é normalmente o mês das férias e no «Mundial» de Ralis é destinado aos eventos mais fáceis de prognosticar, Finlândia e Alemanha, onde as sete vitórias de Marcus Gronholm nos últimos oito anos em casa e os seis triunfos de Loeb em igual número de edições do Rali da Alemanha são disso a melhor prova.
Por isso, a dúvida que existia este fim-de-semana era saber quem ficaria atrás de do tri-campeão do mundo, a menos que algo de errado se passasse com o Citroën C4 WRC. Só que a possibilidade de surpresa surgiu mesmo e de onde menos se esperava, de François Duval.
O belga alinhou com um Xsara WRC da Kronos e foi ao longo de toda a prova, o único a colocar problemas a Loeb. Na primeira etapa fez jogo igual com o francês e quando o alsaciano errou na escolha de pneus para a segunda secção de sexta-feira aproveitou do melhor modo e terminou o dia no comando. Sábado seria a vez de Duval cometer erros e começou logo o dia com duas saídas de estrada, perdendo a liderança para Loeb e pouco depois seria passado pelos dois homens da Ford.
Na segunda etapa, o tri-campeão do mundo forçou o ritmo e acabou por se distanciar da concorrência, que passou a ser encabeçada pelo seu grande rival na corrida ao título, Marcus Gronholm. O finlandês nunca pareceu capaz de se imiscuir na luta pela vitória, mas com os erros de Duval viu o segundo posto cair-lhe ao colo. O belga ainda superou Hirvonen (para trás de quem também tinha caído), mas estava a 16 segundos do líder do campeonato quando faltavam correr cinco troços.
Nessa altura, Loeb estava já mais preocupado com o que Duval poderia fazer, pois era importante que roubasse mais dois pontos a Gronholm. A última etapa viveu dessa animação, com o piloto da Kronos a vencer todas as especiais e a aproximar-se perigosamente do finlandês, que acabou por não aguentar a pressão e cometeu um erro na derradeira especial, que lhe custou uma saída de estrada e a queda de segundo para quarto.
Mais grave ainda, a diferença no «Mundial» de pilotos passou de 13 para oito pontos. Se para Gronholm foi um final de rali penoso, para a Ford acabou por não ser dramático, pois se é certo que Loeb recuperou cinco pontos, a Citroën perdeu mais um na luta dos Construtores, porque Hirvonen foi um tranquilo terceiro, depois de no último dia ter baixado os braços, o que somado ao quarto lugar de Gronholm deu 11 pontos à Ford, contra os 10 da rival francesa, fruto da vitória de Loeb.
A formação liderada por Guy Fréquelin ainda sonhou com uma dobradinha, e mesmo com a possibilidade de colocar três carros, dois oficiais e um da Kronos, no pódio. Só que mais uma vez «Dani» Sordo não foi feliz, com o motor a ceder na derradeira especial da primeira etapa, obrigando o espanhol a abandonar.
Felizmente para Loeb que Duval foi uma «companheiro» à altura e roubou pontos aos homens da Ford, substituindo nessa tarefa Sordo. De notar o facto de o Xsara da Kronos ter andado a um ritmo ainda não visto este ano e se é certo que o belga é rápido no asfalto, nunca Stohl e Carlsson demonstraram este andamento na terra, terreno onde são reconhecidamente rápidos. Terá a Citroën ajudado a que os Xsara estivessem mais competitivos para ajudarem a roubar pontos à Ford? Nas próximas provas haverá resposta.
Passando às hostes da Subaru, Chris Atkinson foi o mais rápido, mas acabou por não marcar pontos, pois teve duas saídas de estrada, a segunda definitiva, já na última etapa. O australiano mostrou um excelente nível no asfalto e demonstrou que o Impreza está a progredir. Venceu três especiais e não fossem os erros - o primeiro custou mais de oito minutos e o segundo ditou o abandono - teria lutado pelo pódio.
Petter Solberg teve um rali de altos e baixos, com o Impreza a denotar alguns problemas de direcção (fruto de um toque numa pedra) e de caixa de velocidades na última etapa, o que custou o quinto posto ao norueguês.
Já Xavier Pons, na segunda prova com a formação japonesa, estava pela segunda vez em condições de marcar pontos, mas o motor cedeu na primeira especial da última etapa.
Assim, com os problemas das formações oficiais, brilharam os privados, com Jan Kopecky a demonstrar mais uma vez que é um excelente piloto, pois levar um Skoda Fabia WRC ao quinto posto, dois anos depois do fim da equipa oficial, não está ao alcance de todos. O sétimo lugar sorriu a Toni Gardemeister, mas o finlandês foi outro dos pilotos que lutaram pelo quinto posto... que o perdeu devido a um furo.
Jari-Matti Latvala levou para a Stobart o último ponto em discussão. O finlandês aproveitou da melhor forma os problemas dos adversários e não cometeu erros, num rali em que a experiência é fundamental.
Já Henning Solberg fez uma última etapa de bom nível. O norueguês não conhecia o rali, mas dois toques nas duas primeiras etapas custaram duas quebras da suspensão e dois abandonos, pelo que acabou por ficar fora do top ten.
Texto de Miguel Roriz em Motor Online
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