Apesar de ter estado ausente do Mundial de Ralis entre 2002 e 2006, as quatro últimas edições do Rali de Portugal 'trataram' de recolocar a 'nossa' prova no núcleo duro do WRC. Resta saber como vai ser o futuro...
Se questionarmos um diretor de equipa como Olivier Quesnel relativamente a qual é o seu rali preferido, a resposta 'sai' política: "Pessoalmente prefiro a Finlândia, mas se responder como Citroen, digo França." Natural! A questão do calendário do Mundial de Ralis nunca há de agradar a gregos e a troianos e o recente calendário provisório publicado pela FIA abriu um novo precedente, ao substituírem o Rali da Jordânia pelo Rali de Abu Dhabi sem alguma vez esta prova ter sido realizada como "prova candidata". Pouco duvidam que os homens da Abu Dhabi têm os meios necessários para fazer algo grande (veja-se o circuito onde se realiza atualmente o GP de Abu Dhabi de Fórmula 1 ou o Ferrari World) para se perceber que os "petrodólares" valem muito.
Rali de Portugal no calendário WRC 2012
'Dinheiros' à parte, a FIA já aprovou o calendário provisório do Mundial de Ralis de 2012 depois de analisados os votos do Conselho Mundial. Tal como esperado, o Vodafone Rali de Portugal mantém-se no calendário fazendo jus às boas indicações deixadas pela organização já este ano. Em termos globais, é de registar a inclusão de menos uma prova do que este ano, tal como o facto deste primeiro calendário não disponibilizar ainda as datas definitivas dos 12 ralis.
De resto, o calendário faz regressar a Nova Zelândia (que volta a alternar com a Austrália), enquanto as provas da Suécia e Noruega transformam-se numa só. Inquietante é a expressão 'evento de longa distância' que a FIA atribui ao Rali da Argentina e que poderá servir de suporte à nova arquitetura que Jean Todt quer dar a algumas provas do WRC, aumentando significativamente a quilometragem e alterando o conceito base de alguns ralis. Calendário (provisório): Abu Dhabi, Alemanha, Argentina, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, México, Nova Zelândia, Portugal e Suécia-Noruega.
WRC vai mudar?
Para o comum adepto, pouco lhe dirá uma prova do Mundial na Jordânia ou em Abu Dhabi, mas nos tempos que correm, o lirismo há muito que terminou e o dinheiro é que manda. De qualquer modo, os responsáveis da FIA sabem que têm de manter, o mais possível, a ligação dos adeptos à modalidade e a recente sugestão dos chefes de equipa relativamente a possíveis transmissões dos troços online é uma boa notícia. Hoje em dia, muitos adeptos seguem as provas pela internet, e a possibilidade de verem troços em direto como já sucede com a bem conseguida "Power Stage" é uma mais valia. Nas TVs, basta ver o que conseguiram os homens do IRC com o Eurosport. É só transportar para o WRC o formato, e agora que o russo Vladimir Antonov injetou capital na North One Sport, o dinheiro deixa de ser um problema, pelo menos para já. Portanto, ideias para o WRC não faltam.
Que ralis tradicionais?
Voltando ao tema dos ralis, Jean Todt surgiu com algumas ideias de reaproximar os ralis do público. Não parece que o presidente da FIA pretenda re-editar os loucos anos 80 em Monte Carlo, Portugal e Itália, quando o público 'toureava' os carros, mas também ninguém gosta, incluindo os pilotos, de provas em que se vê um espetador por troço. Como sempre, no meio está a virtude.
Por isso, no calendário de 2012 do WRC foi mantido um grupo forte de provas "tradicionais", como é o caso dos ralis da Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Portugal e Suécia-Noruega, as 'rotativas' (mas também tradicionais) como é o caso da Argentina, Grécia e Nova Zelândia e por fim a prova da 'massa', Abu Dhabi. Se olharmos para o historial da competição, há duas provas 'intocáveis': Finlândia e Grã-Bretanha. Estão no WRC desde o início há 37 edições e só não estiveram no calendário devido à rotatividade que a FIA impôs. São duas provas que não devem sair do calendário por tudo o que representam na modalidade. A estas duas junta-se o Rali de Monte Carlo, que saiu do WRC devido aos problemas que todos conhecem. A FIA apertou tanto a malha em termos de regras que os homens do ACM sentiram que o seu rali estava a perder muito do seu impacto com um espartilho tão grande. Atualmente, os adeptos seguem o Rali de Monte Carlo, agora integrado no IRC, com o mesmo interesse de antes, mesmo fora da principal competição.
Depois, surgem os Ralis da Grécia, Córsega e Suécia, com menos duas edições. A Grécia foi muito importante nos anos de ouro dos ralis, já que a sua prova era única em termos de dureza. Nos anos mais recentes, o facto de a FIA (mais uma vez as regras) ter obrigado a centralizar as provas, os organizadores gregos ficaram sem margem de manobra para terem tantos troços "à antiga" e o rali passou a ser quase como qualquer outro de terra. A Córsega sofreu do mesmo mal, a centralização, e mais recentemente, do efeito Sébastien Loeb, um piloto oriundo da Alsácia, e foi para lá que 'desterraram o Rali de França. A Suécia está de pedra e cal no mundial, ainda por cima agora com a nova parceria com a Noruega, o que a FIA vê com bons olhos.
Depois segue-se Portugal, um rali que a exemplo de todos os anteriores, esteve no mundial no seu arranque em 1973. A prova portuguesa só não tem os mesmos 37 ralis que a Grã-Bretanha e Finlândia, precisamente devido aos cinco anos de ausência entre 2001 e 2007. E ainda houve a falta em 2008, quando o Rali de Portugal pertenceu ao IRC.
Após a prova portuguesa, na lista continuam a surgir provas míticas do WRC como a Nova Zelândia, o Rali Safari, San Remo, Argentina e a própria Espanha, presente na competição desde 1991. Tudo o resto são provas que foram surgindo e desaparecendo, se bem que um rali como o da Alemanha, pela importância do país, já ganhou o direito de permanecer no calendário.
Nos 38 anos do Mundial de Ralis, o Mundial foi a todos os continentes, mas sempre pecou por não conseguir fixar-se em países como os Estados Unidos da América (cinco rali entre 1973 e 1988). Sempre aproveitou bem a Oceânia (Austrália e Nova Zelândia). Na América do Sul a Argentina deixou pouco espaço ao Brasil (2 edições). A Europa, naturalmente, sempre bem representada, com a Finlândia, Grã Bretanha, Grécia, França, Suécia, Itália, Monte Carlo, Portugal, Espanha, Chipre, Alemanha, Turquia, Irlanda, Noruega, Polónia, Bulgária e Áustria, faltando neste lote uma prova que provavelmente irá entrar nos próximos anos, a Rússia. Falando em mercados importantes para os Construtores está naturalmente a China, com um único rali em 1999.
Lista de provas
1 Finlândia 37 (1973 - 2010)
2 Grã Bretanha 37 (1973 - 2010)
3 Acrópole 35 (1973 - 2009)
4 Córsega 35 (1973 - 2008)
5 Suécia 35 (1973 - 2011)
6 Monte Carlo 34 (1973 - 2008)
7 Portugal 32 (1973 - 2011)
8 Nova Zelândia 30 (1977 - 2010)
9 Safari 29 (1973 - 2002)
10 San Remo 29 (1973 - 2003)
publicado em Autosport
Se questionarmos um diretor de equipa como Olivier Quesnel relativamente a qual é o seu rali preferido, a resposta 'sai' política: "Pessoalmente prefiro a Finlândia, mas se responder como Citroen, digo França." Natural! A questão do calendário do Mundial de Ralis nunca há de agradar a gregos e a troianos e o recente calendário provisório publicado pela FIA abriu um novo precedente, ao substituírem o Rali da Jordânia pelo Rali de Abu Dhabi sem alguma vez esta prova ter sido realizada como "prova candidata". Pouco duvidam que os homens da Abu Dhabi têm os meios necessários para fazer algo grande (veja-se o circuito onde se realiza atualmente o GP de Abu Dhabi de Fórmula 1 ou o Ferrari World) para se perceber que os "petrodólares" valem muito.
Rali de Portugal no calendário WRC 2012
'Dinheiros' à parte, a FIA já aprovou o calendário provisório do Mundial de Ralis de 2012 depois de analisados os votos do Conselho Mundial. Tal como esperado, o Vodafone Rali de Portugal mantém-se no calendário fazendo jus às boas indicações deixadas pela organização já este ano. Em termos globais, é de registar a inclusão de menos uma prova do que este ano, tal como o facto deste primeiro calendário não disponibilizar ainda as datas definitivas dos 12 ralis.
De resto, o calendário faz regressar a Nova Zelândia (que volta a alternar com a Austrália), enquanto as provas da Suécia e Noruega transformam-se numa só. Inquietante é a expressão 'evento de longa distância' que a FIA atribui ao Rali da Argentina e que poderá servir de suporte à nova arquitetura que Jean Todt quer dar a algumas provas do WRC, aumentando significativamente a quilometragem e alterando o conceito base de alguns ralis. Calendário (provisório): Abu Dhabi, Alemanha, Argentina, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, México, Nova Zelândia, Portugal e Suécia-Noruega.
WRC vai mudar?
Para o comum adepto, pouco lhe dirá uma prova do Mundial na Jordânia ou em Abu Dhabi, mas nos tempos que correm, o lirismo há muito que terminou e o dinheiro é que manda. De qualquer modo, os responsáveis da FIA sabem que têm de manter, o mais possível, a ligação dos adeptos à modalidade e a recente sugestão dos chefes de equipa relativamente a possíveis transmissões dos troços online é uma boa notícia. Hoje em dia, muitos adeptos seguem as provas pela internet, e a possibilidade de verem troços em direto como já sucede com a bem conseguida "Power Stage" é uma mais valia. Nas TVs, basta ver o que conseguiram os homens do IRC com o Eurosport. É só transportar para o WRC o formato, e agora que o russo Vladimir Antonov injetou capital na North One Sport, o dinheiro deixa de ser um problema, pelo menos para já. Portanto, ideias para o WRC não faltam.
Que ralis tradicionais?
Voltando ao tema dos ralis, Jean Todt surgiu com algumas ideias de reaproximar os ralis do público. Não parece que o presidente da FIA pretenda re-editar os loucos anos 80 em Monte Carlo, Portugal e Itália, quando o público 'toureava' os carros, mas também ninguém gosta, incluindo os pilotos, de provas em que se vê um espetador por troço. Como sempre, no meio está a virtude.
Por isso, no calendário de 2012 do WRC foi mantido um grupo forte de provas "tradicionais", como é o caso dos ralis da Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Portugal e Suécia-Noruega, as 'rotativas' (mas também tradicionais) como é o caso da Argentina, Grécia e Nova Zelândia e por fim a prova da 'massa', Abu Dhabi. Se olharmos para o historial da competição, há duas provas 'intocáveis': Finlândia e Grã-Bretanha. Estão no WRC desde o início há 37 edições e só não estiveram no calendário devido à rotatividade que a FIA impôs. São duas provas que não devem sair do calendário por tudo o que representam na modalidade. A estas duas junta-se o Rali de Monte Carlo, que saiu do WRC devido aos problemas que todos conhecem. A FIA apertou tanto a malha em termos de regras que os homens do ACM sentiram que o seu rali estava a perder muito do seu impacto com um espartilho tão grande. Atualmente, os adeptos seguem o Rali de Monte Carlo, agora integrado no IRC, com o mesmo interesse de antes, mesmo fora da principal competição.
Depois, surgem os Ralis da Grécia, Córsega e Suécia, com menos duas edições. A Grécia foi muito importante nos anos de ouro dos ralis, já que a sua prova era única em termos de dureza. Nos anos mais recentes, o facto de a FIA (mais uma vez as regras) ter obrigado a centralizar as provas, os organizadores gregos ficaram sem margem de manobra para terem tantos troços "à antiga" e o rali passou a ser quase como qualquer outro de terra. A Córsega sofreu do mesmo mal, a centralização, e mais recentemente, do efeito Sébastien Loeb, um piloto oriundo da Alsácia, e foi para lá que 'desterraram o Rali de França. A Suécia está de pedra e cal no mundial, ainda por cima agora com a nova parceria com a Noruega, o que a FIA vê com bons olhos.
Depois segue-se Portugal, um rali que a exemplo de todos os anteriores, esteve no mundial no seu arranque em 1973. A prova portuguesa só não tem os mesmos 37 ralis que a Grã-Bretanha e Finlândia, precisamente devido aos cinco anos de ausência entre 2001 e 2007. E ainda houve a falta em 2008, quando o Rali de Portugal pertenceu ao IRC.
Após a prova portuguesa, na lista continuam a surgir provas míticas do WRC como a Nova Zelândia, o Rali Safari, San Remo, Argentina e a própria Espanha, presente na competição desde 1991. Tudo o resto são provas que foram surgindo e desaparecendo, se bem que um rali como o da Alemanha, pela importância do país, já ganhou o direito de permanecer no calendário.
Nos 38 anos do Mundial de Ralis, o Mundial foi a todos os continentes, mas sempre pecou por não conseguir fixar-se em países como os Estados Unidos da América (cinco rali entre 1973 e 1988). Sempre aproveitou bem a Oceânia (Austrália e Nova Zelândia). Na América do Sul a Argentina deixou pouco espaço ao Brasil (2 edições). A Europa, naturalmente, sempre bem representada, com a Finlândia, Grã Bretanha, Grécia, França, Suécia, Itália, Monte Carlo, Portugal, Espanha, Chipre, Alemanha, Turquia, Irlanda, Noruega, Polónia, Bulgária e Áustria, faltando neste lote uma prova que provavelmente irá entrar nos próximos anos, a Rússia. Falando em mercados importantes para os Construtores está naturalmente a China, com um único rali em 1999.
Lista de provas
1 Finlândia 37 (1973 - 2010)
2 Grã Bretanha 37 (1973 - 2010)
3 Acrópole 35 (1973 - 2009)
4 Córsega 35 (1973 - 2008)
5 Suécia 35 (1973 - 2011)
6 Monte Carlo 34 (1973 - 2008)
7 Portugal 32 (1973 - 2011)
8 Nova Zelândia 30 (1977 - 2010)
9 Safari 29 (1973 - 2002)
10 San Remo 29 (1973 - 2003)
publicado em Autosport
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