sexta-feira, março 25

Campos vence Baja Carmim. Carlos Sousa faz regresso espetacular.

O campeonato de Portugal de todo o terreno começou no passado fim de semana com a disputa da Baja Carmim, na região de Tavira no Algarve.


A prova levantava bastante expectativa, pois eram muitos os motivos de interesse. O regresso de Carlos Sousa, as novidades do regulamento, os novos projectos de Nuno Matos e Ricardo Porém, ou ainda a participação de Nicolas Misslin com um Racing Lancer e do Romento Costel com um MPR13 eram apenas alguns dos pontos que cativavam o interesse de quem seguiu a prova.
No prólogo disputado no sabádo à tarde deu para perceber de alguma forma o rumo dos acontecimentos do dia seguinte. Como seria de prever, os carros a diesel perderam alguma da vantagem sobre os carros de motorização a gasolina, e Filipe Campos não conseguiu ir além de um quarto lugar depois das duas passagens pela Super Especial. Na sua frente ficou o esquadrão de Racing Lancers, com Barbosa a liderar com a versão equipada com o motor 2.0 turbo. Seguiu-se Carlos Sousa com o Racing Lancer equipado com o motor 4.0 atmosférico. E em terceiro Nicolas Misslin que também participou nesta prova com um Racing Lancer. Má sorte tiveram Nuno Matos que abandonou ainda no final da Super Especial com problemas numa roda, e Ricardo Porém que ficou de fora por causa de problemas com a alimentação do seu carro.
No domingo os concorrentes tiveram pela frente dois exigentes sectores selectivos , um primeiro com perto de 245 quilómetros, e outro com 134 quilómetros, totalizando quase 380 quilómetros percorridos na serra Algarvia.
Logo cedo se percebeu que Filipe Campos, o campeão nacional em título iria ter muito trabalho para superar os seus adversários mais directos. As novas regras que impõem um restritor de menores dimensões nos carros com motor a diesel fizeram-se notar nas prestações do X3, , e com isto Carlos Sousa e Miguel Barbosa pareciam ter a vida facilitada. No entanto a pista extremamente sinuosa e dura impediu de alguma forma que as vantagens teoricas se concretizassem, e na prática a qualidade da condução de Filipe Campos acabou por vir ao de cima no final deste sector. Campos terminou o primeiro sector com uma vantagem de apenas 17,9 segundos sobre Carlos Sousa, que ocupava então o segundo lugar, também ele a fazer um resultado espetacular pois temos que levar em linha de conta que estava parado há um ano. Miguel Barbosa que antes havia vencido o prólogo, terminou o primeiro sector em terceiro lugar, a 1m12s de Filipe Campos.

Na primeira especial destaque ainda para Miguel Farrajota que fez um bom tempo com o Proto RAV4. Quanto aos dois estrangeiros em prova, Nicolas Misslin e o Romeno Costel Casuneanu terminaram em 5º e em 8º respectivamente, obtendo um resultado digno de registo, pois desconheciam em absoluto a prova.
Nos T2, depois de cumprido o primeiro sector liderava Mario Dinis Lucas com o Pajero, seguido de Franciso Gil. Pelo lado dos T8 o lider da prova nesta altura era Paulo Sousa, com o Pajero da equipa Prolama. em segundo nos T8 aparecia Luis Ferreira, e em terceiro Vitor Caeiro.


Finalmente, na "Taça de Clássicos", Edgar Moio, o único piloto inscrito nesta categoria mantinha-se em prova com o Terrano II, ocupando por esta altura o 20º lugar da geral. Estes pilotos terminaram a prova após cumprirem este primeiro sector, uma vez que os clássicos não realizavam a segunda passagem.
O segundo sector selectivo, bastante mais curto, viu ficarem de fora logo á partida Nicolas Misslin e Costel Casuneanu, que não chegaram sequer a arrancar do parque fechado.
Durante a tarde continuou o duelo a três entre Miguel Barbosa, Carlos Sousa e Filipe Campos. Qualquer um deles optou uma postura de ataque, pois todos queriam o primeiro lugar e não havia alternativa a esta táctica para o conseguir. Um pouco mais atrás, Bernardo Moniz da Maia, Pedro Grancha e Miguel Farrajota assistiam de perto e mantinham um ritmo que poderia conduzi-los a um bom resultado caso algo se passasse na frente.
Do trio da frente, o azarado foi Miguel Barbosa, que teve (novamente) problemas no Racing Lancer Turbo, e teve que reduzir o ritmo, deixando assim Campos e Sousa numa batalha a dois. Os últimos quilómetros da prova foram feitos num ritmo extremamente elevado por estes dois, tendo Carlos Sousa sido o mais rápido pela escassa margem de 7 segundos. Campos terminava assim em segundo, seguido por Pedro Grancha em terceiro e por Bernardo Moniz da Mais em quarto. Quanto a Barbosa teve que se resignar com um quinto lugar na especial.





Nos T2 Mário Dinis Lucas terminou o segundo sector em primeiro da classe, seguido de Gustavo Morais. Já nos T8 , e sem qualquer surpresa, era novamente Paulo Sousa a vencer, seguido de Luis Ferreira e de Vitor Caeiro.
Quando á classificação final foi Filipe Campos quem venceu a prova. Apesar do esforço final de Carlos Sousa, a vantagem obtida na primeira especial foi suficiente para Filipe Campos segurar o triunfo. Segundo nos disse Filipe Campos: "Tudo o que aconteceu nesta Baja TT Carmin 2011 só serviu para provar que as minhas suspeitas tinham fundamento. As dificuldades que tivemos com o carro acabaram por ser disfarçadas pelas condições do percurso. Um terreno encadeado, com poucas rectas, que nos ajudou a esconder a falta de velocidade imposta ao nosso BMW."
Carlos Sousa, mesmo apesar de ter deixado escapar a vitória por uns escassos 10 segundos tinha motivos para estar muito satisfeito. O ano que esteve parado não lhe retirou ritmo, e logo na primeira prova mostrou que está preparado para lutar pelo campeonato. "Apesar do meu segundo lugar, saio daqui plenamente satisfeito. Afinal, não me ressenti da longa paragem e consegui rodar já em alguns momentos ao melhor nível. Foi uma verdadeira baja e diverti-me bastante” disse Carlos Sousa no final.


Em terceiro lugar ficou Miguel Barbosa, que apesar de ter terminado a 2ª especial em quinto, tinha vantagem suficiente para se defender do grupo perseguidor e assegurar a sua posição no podium. Á semelhança das provas do ano passado, o Racing Lancer voltou a dar problemas e a não permitir ao piloto lutar de "peito aberto" pela vitória. Ainda assim o resultado obtido acaba por ser um prémio pelo esforço feito na dura serra algarvia.
Em quarto lugar terminou Pedro Grancha, a fazer um bom arranque no CPTT e a conseguir escapar á dureza da serra Algarvia. Em quinto ficou Bernardo Moniz da Maia, que como já é seu hábito fez uma prova isenta de problemas. Em sexto Miguel Farrajota, também ele a fazer um bom resultado com o RAV 4.
Nos T2 não ficou classificado nenhum piloto, pois terão excedido o tempo regulamentar para cumprir a prova.
Nos T8 apenas Paulo Sousa, em primeiro, e Luis Ferreira em segundo ficaram classificados.
A serra Algarvia não é de facto um local fácil. O tipo de piso, as constantes subidas e descidas, e as estradas estreitas e repletas de curvas necessitam de uma abordagem cautelosa por parte do piloto, e de um carro muito bem preparado. A prova disto, é que dos 37 carros admitidos á partida para cumprirem a totalidade dos quilómetros previstos, apenas 11 ficaram classificados.

publicado em Todo Terreno

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