domingo, agosto 31

Sorte de Campeão e algo mais...

Há noites que valem a pena ficar acordado para acompanhar uma prova. Através dos tempos parciais e totais, e dos comentários de elementos em fóruns especializados, foi uma noite inacreditável.

Tal e qual um jogo de xadrez, a Citroën e Ford usaram nos primeiros dias todas as jogadas que lhe permitissem partir em vantagem para o último dia do rali. A perda de tempo à entrada das últimas especiais foi o trunfo usado por ambas as equipas – nomeadamente Loeb e Hirvonen, o que permitia que Sordo e Latvala também entrassem na contenda pela vitória.

Um pião no primeiro troço do último dia fez Loeb perder mais de 10 segundos, e deixar os homens da Ford mais afastados. Ao mesmo tempo, Sordo ascendia à 3ª posição, e parecia que desta vez Loeb não levaria a melhor.

Mas, contra todas as expectativas, a penúltima especial do rali (só faltava uma Super Especial) é digna de entrar para todos os livros de ralis. Abrindo a estrada, Latvala voltou aos excesso batendo e abandonando quando ocupava a segunda posição. A catástrofe da Ford agudizou-se quando Hirvonen fez um pião e foi vítima de um furo lento perdendo quase um minuto para Loeb. De uma assentada, uma “dobradinha” Ford, transformou-se numa “dobradinha” Citroën, com Loeb a passar Sordo e ascendendo à primeira posição. Mais que a sorte de Loeb, foi o azar da Ford (aliado a azelhice) que prevaleceu. Para agudizar ainda mais esta hecatombe, François Duval que rodava isolado na 5ª posição também despistou-se e abandonou, voltando aos “bons velhos tempos” quando era piloto oficial Citroën. Duval e Latvala tornaram-se os “crash test dummies” do rali, e a palavra DUMMIE deve ser destacada.

Parece que os ralis modernos não se limitam apenas a galardoar o mais rápido, mas também os mais astutos e aqueles que têm sorte. Curiosamente o concorrente que mais troços venceu foi Henning Solberg, que aproveitou a posição na estrada nos dias 2 e 3, para averbar 9 vitórias.

A Nova Zelândia é propício a entrar na história dos ralis. Basta relembrar o duelo titânico do ano passado entre Gronholm e Loeb, com a vantagem a pender para o finlandês na última especial por 0,3 segundos.
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sexta-feira, agosto 29

Rally profile - Nuno Fontainhas - Ford Sierra`s

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quinta-feira, agosto 28

Toca a pagar

O Rali de Barum Zlin na Républica Checa (IRC) teve a particularidade de incutir o princípio do pagante, ou mesmo será dizer que para acompanhar a prova seria necessário comprar o bilhete. Quer para a assistência, shakedown, verificações técnicas e zonas espectáculo.
Não sendo uma situação inédita (já existem em algumas provas do mundial, como o Japão) é uma medida que pode ter duas interpretações. O facto de ser um desporto gratuito para o público na maioria dos campeonatos, normalmente incute a curiosidade entre aqueles que normalmente não são adeptos da modalidade e se deslocam a custo zero à estrada. Por outro lado, se um elemento adquire um bilhete para um espectáculo deverá poder usufruir do melhor que este lhe deve dar: ou pelo menos espera um bom lugar com garantia de um bom rali, sem esquecer a segurança.
A título exemplar, se o princípio fosse aplicado no Rali de Portugal, com zonas espectáculo bem delineadas, com espectáculo e segurança, talvez fosse preferível ao que se passou nos últimos dois anos. O excesso de zelo de alguns elementos de segurança, o facto de tratar o público como "gado no curral", e algumas Zonas Espectáculo pouco atractivas e mal planeadas certamente não deixam saudades.

Uma alternativa que poderia ser viável, caso existisse boa vontade.

FONTE: Autosport
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terça-feira, agosto 26

Loix vence mas a estrela foi Fabia

A caravana do IRC foi até Zlin para mais uma edição do Rali de Barum, prova pontuável para o IRC e ERC. Apesar de contar com uma lista de inscritos invejável (22 S2000), ao contrário do que sucedeu na Madeira, a prova ficou decidida no início da segunda etapa.

O rali mais parecia uma prova do Troféu 207 S2000, tal a superioridade dos concorrentes com viaturas Peugeot. Freddy Loix saiu como justo vencedor atribuindo mais uma vitória à Kronos. O concorrente belga aproveitou as características da prova, muito semelhantes a Ypres, para se instalar na liderança. Acompanhado por Vouilloz, um problema com a transmissão do 207 do piloto francês impediu-o de continuar a luta no segundo dia. Mesmo assim, fizeram uma “dobradinha” que lhes coloca em excelente posição no Campeonato de Marcas (mais do dobro de pontos da Abarth) Vouilloz descolou de Rossetti (12 pontos de diferença).

O piloto da Peugeot Polónia, Bryan Bouffier protagonizou uma das surpresas da prova. Iniciou a prova com algumas cautelas, mas foi progressivamente aumentando o ritmo competitivo, chegando mesmo a vencer algumas especiais do rali. Um erro de navegação no final do primeiro dia, levou a uma penalização de 1 minuto (avanço num controlo), acabando com aspirações à vitória. Finalizou na 3ª posição, pressionando Vouilloz – sem penalização ficaria a 9,6 segundos de Loix.

O piloto BF Goodrich para a ronda checa, Pavel Valousek acabou a prova na 4ªposição (3 viaturas da Kronos nos 4 primeiros lugares). Aproveitou os azares dos adversários, mas também do conhecimento da prova para acabar como o melhor concorrente do concurso até ao momento (Snijers 5º e Campos abandonou).

Renato Travaglia foi o melhor representante com Fiat Punto S2000, acabando na 5ª posição e vencendo entre os concorrentes ao campeonato europeu. O resultado acaba por ser positivo, pois nunca esteve em condições de incomodar a “patrulha Peugeot”. Uma má escolha de pneus nas primeiras especiais do rali condicionaram o rali, mas dificilmente o resultado seria outro.

Uma das surpresas da prova veio da parte do húngaro Janos Toth, que com um Peugeot 207 S2000 finalmente demonstrou resultados. Acabou na frente de Luca Rossetti que acabou na 7ª posição. O piloto da Racing Lyons não foi feliz na Republica Checa. Imprimiu um andamento muito forte na ronda inicial que lhe valeu intromissão na luta pela vitória. O primeiro revez veio do facto de à sua frente partir Josef Beres num Suzuki Swift S1600 e apanhá-lo em classificativa (uma das vezes circulou 4 km atrás do eslovaco). Depois na última especial do dia, um exagero fê-lo dar um ligeiro toque e furar, perdendo 3 minutos e caindo na geral. O sétimo lugar apenas permite facturar 2 pontos para o IRC.

Curiosamente, o top 10 fecha com mais 3 Peugeot 207 S2000: Josef Petak, Michal Solowow e Roman Odlozilik. Se juntarmos a este Enrique Garcia Ojeda (saída de estrada) e Roman Kresta (despiste) que também animaram a prova foi um festival da Peugeot.

Os grandes derrotados foram os pilotos da Abarth. Depois da exibição na Madeira, esperava-se uma réplica melhor de Giandomenico Basso. Um furo na primeira especial custou 30 segundos. No segundo dia não tinha andamento para os mais rápidos, e abandonou com problemas de caixa. O regressado Anton Alen andava fora dos lugares de destaque. No caso do finlandês foram problemas de transmissão. No segundo dia regressaram, mas foi mais do mesmo. Longe dos lugares principais e com abandonos.

A estrela da prova foi o Fabia S2000. Em estreia absoluto, Jan Kopecky teve como missão abrir os troços com o novo Skoda, como carro 0. O primeiro teste em condições de prova foi muito interessante, apesar de não existirem comparações oficiais. Aparentemente a viatura apresenta-se muito competitiva, e algumas cronometragens do público davam conta da intromissão entre os melhores do IRC, o que augura um futuro positivo, tendo em conta futuras evoluções. Finalmente, parecem existir condições para a entrada em cena de um novo construtor em condições de enfrentar Peugeot e Abarth.
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quinta-feira, agosto 21

Outra vitória para Loeb

Sem grandes surpresas, o Rali da Alemanha serviu uma vez mais para demonstrar a superioridade de Sebastien Loeb nos pisos de asfalto. Apenas mais uma vitória, numa hegemonia absoluta no Rali da Alemanha, desde que este entrou no mundial de ralis.

É nas prova de asfalto que Daniel Sordo se sente à vontade, e consegue acompanhar “à distância” Sebastien Loeb. Consegue assim mais uma dobradinha do “Double Chevon”, e assumir a liderança do mundial de marcas.

No último dia de prova, a incógnita subsistia sobre se existiriam ordens de equipa para que Duval deixasse Hirvonen subir ao pódio, e minimizar a distância pontual para Loeb. Duval ficou na frente, demonstrando novamente dar-se bem com os “ares alemães”, mas ficou a sensação que não fossem os patrocinadores do piloto, e a contratualidade (piloto pagador) talvez tivesse que abrandar. Pelo menos depreendesse das afirmações de Malcolm Wilson no final da prova, que referiu que seria acordado entre os dois concorrentes a táctica para o final.

A quinta posição de Petter Solberg pode ter duas interpretações. A positiva, que revela o nível de desenvolvimento durante a prova que permitiu chegar-se cada vez mais à frente… e a negativa, pois ainda têm muito trabalho pela frente. Mesmo assim, a fiabilidade acentuou-se, pois Atkinson acabou logo a seguir.

Novamente nota positiva para Urmo Aava que apresenta-se cada vez mais consistente e rápido.

Finalmente, pela negativa o acidente do Gigi Galli, que afasta um dos principais animadores do WRC. Sem grandes surpresas, François Duval deverá ocupar o seu lugar na Stobart, a começar na Nova Zelândia.
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quarta-feira, agosto 20

Tirabassi na Subaru

Existem notícias que mais parecem piadas de 1 de Abril, e esta certamente é uma delas.
Depois das prestações menos conseguidas nas primeiras provas da temporada, o francês Brice Tirabassi anunciou a sua retirada do IRC. Mas surpreendentemente, como "recompensa" ingressará como terceiro piloto da Subaru nas provas da Catalunha e Córsega.

Desde que este concorrente teve o seu momento de glória, com a conquista do Campeonato Júnior em 2003, está arredado de bons resultados. A sua última participação no Rali Vinho Madeira fica lembrada pela perda da documentação do Peugeot 207 S2000, e não pela prestação.

Curioso o facto de disputar provas de asfalto, quando as melhores exibições até foram em terra, como o caso do Rali de Portugal. Certamente não escapará às comparações com seu antecessor (como 3º piloto) Xavi Pons.

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sábado, agosto 16

Acidente de Galli na Alemanha

Quando a fórmula é WRC + Asfalto + Galli o resultado costuma ser explosivo. Depois de uma sequência de provas sem problemas de maior, o espectacular piloto italiano voltou as acidentes. No Rali da Alemanha, cortou demasiado uma curva e o Ford Focus WRC foi projectado violentamente contra umas árvores do lado do piloto. Felizmente, o arco de segurança da viatura impediu mal maior, mas mesmo assim Gigi Galli partiu o fémur da perna esquerda, o que será impeditivo de continuar no WRC esta temporada.

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quinta-feira, agosto 14

Caso de Polícia

O Rali Vinho da Madeira 2008 ficou marcado pela exclusão da equipa Rui Pinto / Duarte Lagos, devido a irregularidades detectadas nas Verificações Técnicas. Na altura, a justificação residia no facto da equipa não ter apresentado os documentos originais em tempo útil. Muito se falou e também especulou desde então. Foi uma perseguição à equipa, à viatura, ao concorrente, ou excesso de zelos dos controladores, o facto é que esta semana aparecerem dois comunicados que deram a conhecer a gravidade da situação.

O primeiro foi da parte da equipa Rui Pinto / Duarte Lagos que mostram a visão dos acontecimentos (press realease retirado do Madeira-Rally). Depois, foi o comissário da FPAK que optou por relatar os factos sucedidos, dando particular destaque ao que motivou a suspeição (press realease de Nuno Fernandes retirado do Madeira-Rally). Onde o próprio esclarece “constatei que era uma marcação que tinha sido feita "artesanalmente", tinha um tipo de letra completamente diferente dos originais Mitsubishi e não apresentavam um logótipo da Mitsubishi”. E questiona: "Como é que uma viatura que está na nossa região, pelo menos desde o Rali da Calheta 2008 (25 e 26 de Abril) e que desde esse Rali nunca mais saiu da Ilha da Madeira, fez o Rali da Turquia 2008, para o WRC, com o piloto Mirco Baldacci, estando na Turquia desde o dia 10 de Junho até o dia 16 de Junho e estando presente no Rali de Santa Cruz (30 e 31 de Maio) e no Rali do Marítimo (20 e 21 de Junho)!!!! Como é que esta viatura (viatura com o mesmo nº de chassis e matricula do que a que esta aqui na região) está inscrita no Rali da Nova Zelândia 2008 ( Mirco Baldacci), se a mesma pretendia fazer o Rali do Nacional ???".

Analisando ambos os comunicados existe a conclusão que a viatura não está legal (pelo menos uma delas), e que há que apurar responsabilidades, ou pelo menos perceber o que se passou.

Algumas questões pertinentes merecem resposta: 1) A equipa madeirense teria conhecimento da existência da outra viatura. E o Mircco Baldacci?; 2) Porque razão os comissários desportivos permitiram a participação desta viatura nas provas madeirenses, apesar das suspeitas; 3) No início da temporada a viatura não possui um chassis de EVO IX homologado, e foi enviada para Itália para sua alteração; 4) A equipa TOP RUN é conhecida não só pelos resultados, mas também pelos casos de irregularidades, principalmente Mitsubishi. Basta relembrar o caso Travaglia na Madeira. Qual a sua compactuação neste caso; 5) Como é que a alfândega portuguesa e italiana permitiram a circulação de uma viatura cujo nº de chassis estava “alterado artesanalmente”; 6) Que consequências terão estes actos, a nível desportivo, mas também judicial; 7) Qual a atitude da FIA perante este caso.

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quinta-feira, agosto 7

Island of Excellence

Marco Cavigioli é sempre um piloto bem-vindo à Madeira. Não pela sua rapidez, não pelas suas espectulares máquinas, nem pela exuberância na condução. O que faz de Cavigioli diferente é a sua “Island of Excellence” e modo como a promove, com as Cavigioli Girls.

As imagens valem mil palavras, mas também induziram ao erro, pois muitos pensaram que a Island a que se referia era à Madeira. Mas por excelência é Lake Orta, nos Lagos do Norte em Piemont, Itália.

Questiono apenas porque razão o Algarve não foi contemplado com as “Cavigiolettes”.

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Francês Supersónico

Em terra de finlandeses voadores, apenas um francês supersónico podia fazer melhor. Finalmente, Sebastien Loeb venceu o rali da Finlândia, entrando nos históricos dos ralis como o sétimo não finlandês a consegui-lo.

Mikko Hirvonen ainda não conseguiu a vitória nos “bosques ao pé de casa”, mas andou sempre próximo de Loeb. Pressionou mas não o suficiente para alcançar o primeiro lugar, embora mantenha a liderança do mundial.

Na 3ª posição ficou um espectacular Chris Atkinson,que finalmente teve em sintonia com o Subaru Impreza WRC.

A surpresa do rali veio de Matti Rantanen, um jovem desconhecido internacionalmente, que se intrometeu entre os melhores do mundo e acabou num excelente 7º lugar.
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terça-feira, agosto 5

E os Outros

Seria injusto referenciar apenas as exibições dos concorrentes que lutaram pela geral. Outras contendas disputaram-se no Rali Vinho Madeira que também merecem consideração.

A começar pelo Campeonato de Portugal de Ralis, Bruno Magalhães mostrou uma vez mais que não tem rivais à altura, e mesmo com o furo na penúltima especial de sexta-feira teve a capacidade de recuperar a liderança e somar a totalidade dos pontos para o nacional (10+5 de bonificação pelo Super Rally). José Pedro Fontes encarava a prova positivamente, mas logo nas primeiras especiais apercebeu que a história se repetiria. Mas, se estes dois concorrentes ainda andavam nos dez primeiros, os restantes representantes ficavam muito longe.

Michal Solowow e Volkan Isik embrenharam-se num duelo muito interessante. Inicialmente a vantagem pendeu para o lado do polaco, no entanto e com o avançar da competição Isik conseguiu recuperar e acumular uma vantagem que parecia suficiente. Parecia, porque não contava com um furo na segunda passagem pelo Rosário que o fez perder 1 minuto, e assim perder a batalha individual com Solowow.

Filipe Freitas dominou a seu bel prazer entre as viaturas de 2 rodas motrizes e classe S1600. Continuando a senda de sucesso no regional madeirense, e também no Rali Vinho Madeira, impôs com sucesso o conhecimento da viatura e da estrada, não dando chances aos adversários directos. Nem mesmo um problemas com os travões no final da 2ª secção retiraram brilho à exibição, pois conseguiu segurar o lugar na geral na frente de alguns S2000, como eram o caso de Vitor Pascoal e Nuno Barroso Pereira. Miguel Nunes e António Nunes foram 2º e 3º na classe, e 3º e 4º madeirenses.

No agrupamento nacional de Produção, Adruzilo Lopes venceu meritoriamente. Com uma viatura ultrapassada, teve a capacidade de aguentar um ritmo elevado e aproveitando os azares adversários voltou a surpreender. Fernando Peres venceu o 2º dia, mas um furo na primeira passagem pelo Campo de Golfe comprometeu o resultado, efectuando um rali de trás para a frente.

A produção madeirenses foi quase nula. Primeiro foi a saída de cena de Rui Pinto, que não foi autorizado a participar devido à não apresentação em tempo útil da documentação da viatura. Depois foi Rui Fernandes que numa passagem de testemunho para o filho, andava longe das exibições de outros tempos, até abandonar com problemas de diferenciais. Finalmente, João Magalhães teve um rali para esquecer, com problemas de caixa (sem 3ª nas primeiras especiais) e dois despistes a marcarem negativamente a prova.

O canarinho Yeray Llemes cativou o público madeirense. As exuberantes passagens, leia-se slides com o Mitsubishi Lancer EVO IX, deixaram marca e entrou no rol de “pilotos espectáculo”, tal como Ricardo Teodósio ou Armindo Araújo.

Uma palavra para a luta entre os dois Renault Clio R3 preparados pela ARC Sport. Alexandre Jesus e José Carlos Magalhães protagonizaram uma animada luta, com a vantagem a recair para o primeiro.

As desilusões para prova vieram da parte de Vitor Pascoal, que mesmo queixando-se de não conseguir preparar a prova em tempo útil, não conseguia chegar aos S2000 de Solowow e Isik, ou mesmo ao S1600 de Filipe Freitas. Nuno Barroso Pereira praticamente passou despercebido, pois em situação normal andava “enterrado” a meio da tabela entre Evolutions e A6. Luca Betti também foi uma decepção, pois os problemas de caixa de velocidades no Peugeot 207 S2000 não podem servir de justificação a tão má exibição, prejudicando mesmo alguns concorrentes que partiam atrás dele (como Bruno Magalhães).

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segunda-feira, agosto 4

Vinho de qualidade

Será difícil arranjar um único adjectivo que consiga descrever na plenitude o Rali Vinho Madeira de 2008. Foi uma das melhores “colheitas” de sempre, com competição da primeiras especial e a incerteza sobre o vencedor até ao último metro. Eram conhecidos os valores dos inscritos, tanto que era difícil apontar um favorito à vitória no início do rali... e no fim também.

A viatura recaiu sobre o francês Nicolas Vouilloz, mas também ficaria bem em Giandomenico Basso ou mesmo num surpreendente Alexandre Camacho.

A prova decidiu-se nos pormenores. É difícil apontar o “momento-chave” do rali, mas será fácil dizer as razões pelas quais os outros não venceram:

- Giandomenico Basso não venceu porque a sua equipa Fiat Abarth efectuou uma má avaliação do estado dos pisos na primeira passagem pela zona oeste na primeira etapa. Só nesta ronda perdeu mais de 30 segundos, que foram decisivos na contabilidade final. O forcing final apenas permitiu ultrapassar Alexandre Camacho no final e ficar a 5,4 segundos de Vouilloz.

- Alexandre Camacho foi a figura da prova. Aproveitando o conhecimento do terreno e uma viatura bem preparada, protagonizou uma agradável surpresa quando nos primeiros troços demonstrou ter capacidade de rivalizar com os principais concorrentes do IRC, ERC E CPR. Sendo madeirense conseguiu colocar o público delirando na estrada, sob a perspectiva de vencer em casa. Mas a experiência dos adversários veio ao de cima. Primeiro porque são concorrentes profissionais com estruturas profissionais, e depois porque conseguiram aguentar a pressão exercida. Basta ver as trajectórias nos últimos troços. Enquanto Vouilloz e Basso efectuavam trajectórias limpas, para o cronómetro, Alexandre Camacho tinha uma condução mais agressiva e exuberante. Embora não perdendo muito para os adversários, promovia uma maior desgaste nos pneus, que não único foi determinante na última especial do rali. Isto sem falar da extensão da última especial, e da dificuldade em manter os níveis de concentração em 21 quilómetros. Mas sem sombra de dúvida que foi a figura do rali, pena o segundo lugar ter escapado por apenas 2,6 segundos.

- Renato Travaglia foi o único a assumir a vontade de vencer na Madeira, sem rodeios. Mas também não tinha tarefa fácil, pois recuperava de uma valente gripe na semana do rali, e no segundo dia sofreu uma intoxicação alimentar que lhe deu problemas intestinais. Mas não influenciaram a prestação do concorrente italiano, pois conseguiu manter sempre na contenda pelo pódio. Foi na 18ª especial que um pequeno despiste o fez perder mais de 10 segundos, e abandonar definitivamente o “comboio” da frente. Este facto fê-lo baixar os braços e contentar-se com a quarta posição.

- Luca Rossetti chegou à Madeira na liderança do IRC com três vitórias esta temporada, uma das quais no Rali de Portugal. Especialista no asfalto, tinha que se haver com o desconhecimento do rali como principal handicap. O piloto italiano tentou acompanhar os mais rápidos, mas principalmente nas primeiras perdia preciosos segundos que acumulados impediram de chegar mais à frente. Esteve numa animada disputa com Loix, e conseguiu alcançar a 5ª posição no final do rali.

- O belga Freddy Loix tinha o mesmo problema de Rossetti, que se baseava no conhecimento do terreno, apesar de ter participado na edição de 2007. Mas não era o único problema, pois o belga não conseguia adaptar às sinuosas estradas madeirenses, chegando mesmo a afirmar que não gostava do traçado. Pois, ele é especialista em pisos rápidos como Ypres, que nada têm a ver com a Madeira. Foi dos maiores perdedores do rali, pois para além de não conseguir acompanhar os rivais, não conseguiu vencer a luta com Rossetti, e retirar pontos ao principal adversário de Vouilloz.

- O italiano Umberto Scandola chegava à Madeira como substituto de Anton Alen, sem ter disputado um rali de asfalto nos últimos 9 meses. A falta de competitividade foi evidente, mas teve a inteligência de ao perceber que não conseguia mais, levar a viatura até final testando alguns componentes para a Abarth e conquistando o público com excelentes atravessadelas.

- Provavelmente, o mais azarado foi Bruno Magalhães. Chegando com reais aspirações à vitória, demonstrou estar à altura do acontecimento, imprimindo um ritmo elevado e chegando com naturalidade à 1ª posição. Mas à semelhança das outras provas internacionais, o azar bateu-lhe à porta. Um furo no início da especial Cidade de Santana2 fê-lo perde mais de 3 minutos e acabar com quaisquer aspirações a um lugar entre os primeiros. Foi outra frustração para o concorrente, mas também para os adeptos que contavam fazer a festa em português. Este resultado compromete as aspirações do piloto da Peugeot Sport em participar noutras provas do IRC.

Finalmente, a razão pela qual Nicolas Vouilloz vence. Ele não errou, nem vacilou nos momentos certos. Entrou ao ataque na Super Especial, efectuou sempre registos entre os primeiros e no combinado geral teve o engenho de chegar ao Funchal na frente do rali. Foi totalmente merecido, principalmente porque quase passou despercebido, tal a ênfase dada ao Alexandre Camacho e ao ataque de Giandomenico Basso no 2º dia.

Para o ano a 50ª edição do rali promete ser memorável. Falam-se de nomes como Snijers, Tabaton e Aghini, mas de promessas....

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