Bruno Magalhães e Paulo Grave fizeram um rali à parte e, tal como Armindo Araújo em anos anteriores, demonstraram estar preparados para mais altos voos. Foram sempre os mais rápidos no terreno enquanto andaram e só o azar de uma caixa de velocidades partida lhes roubou uma mais do que merecida vitória no Grupo N.
Mesmo assim, conseguiram ser os melhores portugueses à geral, apenas batidos por Patrick Flodin na Produção. Foram igualmente quem mais capitalizou para o Nacional, com 20 pontos, o que fez com que a cedência da caixa na penúltima especial da primeira etapa e consequentes zero pontos não o tivessem penalizado muito. Poderia ter alcançado o máximo de 23, porque cada etapa atribuía uma pontuação completa para o Nacional, sendo aproveitadas as duas melhores e 25 por cento da restante, arredondando-se sempre para cima em caso de não dar número inteiro.
Bruno foi brilhante e fez talvez o melhor rali da carreira, não adiantando de nada, para já, dizer que os S2000 são superiores aos Grupo N. Mais uma vez, os carros deste último tipo não foram muito bem guiados, excepção feita a Flodin, que, quando em condições normais, andava bastante perto do português. Aliás, o outro S2000 do Nacional, o de José Pedro Fontes e Fernando Prata, teve uma participação muito fraca, primeiro com azares e depois com erros do piloto, nunca fazendo sequer um troço limpo. Acabou por limitar um pouco o dano, porque chegou ao fim da primeira etapa (quase ninguém chegou) e beneficiou ainda da desclassificação de Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva, para ser segundo atrás de Vítor Pascoal e Joaquim Duarte e somar oito pontos.
Quanto a Madeira, foi pena a desclassificação, pela qual não tem qualquer culpa, visto que o turbo não regulamentar lhe foi assim entregue pela equipa que lhe alugou o carro e o almadense fez fé que estava regular. Andou bem e foi o melhor português no terreno, mas adoptando sempre um ritmo cauteloso, pelo que a comparação com o andamento Bruno não pode ser feita.
Pascoal, o outro concorrente do Nacional a fazer uma boa prova (além do fora de série Bruno e de Madeira), não pode competir com as mesmas armas, porque tem um orçamento muito mais limitado. Levava menos pneus e menos evoluídos do que os rivais e está a apostar na regularidade para fazer uma boa época, algo que está a conseguir plenamente. Somou 18 pontos e é o segundo classificado do Nacional, tendo mesmo passado pela liderança após a primeira etapa, na qual Bruno não pontuou e o amarantino venceu, mas o seu andamento também não pode ser comparado ao de Bruno, pelo que as conclusões sobre as reais diferenças entre os carros ainda não podem ser tiradas (aliás, em Itália, há carros de Grupo N a vencer no asfalto).
Depois, prova menos má fizeram Fernando Peres e José Pedro Silva, com uma desistência por despiste no primeiro dia e um terceiro e um quinto lugares nos dois restantes dias, com alguns bons tempos em troços.
A partir daqui, todos estiveram muito aquém do esperado. «Mex» e António Costa estavam a andar muito bem no primeiro dia, até que o mesmo problema que os afectou no Rali Torrié o atrasou. Ainda foi quinto, mas no dia seguinte o problema manifestou-se novamente e só então se descobriu que se tratava de um cilindro e o abandono foi inevitável.
Vítor Sá e Justino Reis apanharam um grande susto no primeiro dia, na mesma curva em que ficaram Luís Cardoso e Fernando Peres, mas conseguiram «sobreviver-lhe», terminando a primeira etapa na sexta posição, para a cedência de uma transmissão os pôr fora no dia seguinte.
Valter Gomes e Paulo Santos também tiveram uma prova para esquecer, com despistes e desistências na primeira e segunda etapas, para alcançarem um ponto na derradeira. Bernardo Sousa e Paulo Babo ainda deram um ar da sua graça enquanto andaram, mas problemas de motor ditaram a desistência no primeiro dia. Regressaram no seguinte, novamente com bom andamento, mas voltaram a desistir definitivamente no final da secção.
As duplas Ricardo Teodósio/Paulo Primaz e Horácio Franco/Tiago Azevedo não passaram do primeiro dia. Franco despistou-se e Teodósio teve problemas com a pressão do óleo do Lancer e tem agora um problema para resolver, porque, de acordo com os regulamentos FIA, um Evo7 não pode ser evoluído para Evo9.
A caixa pôs fim à prova de Pedro Meireles e Mário Castro, enquanto o turbo no primeiro dia e um atraso no segundo impediram Carlos Guimarães e Vasco Pereira de concluírem as etapas. A derradeira já não foi mal e terminou-a em sexto.
Texto: José Gonçalves e Miguel Roriz do jornal Motor
Foto: Sportmotores
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