terça-feira, janeiro 23

Valeu a regularidade no Dakar

MOTOS
Ciryl Despres foi o vencedor surpresa do Lisboa Dakar nas motos. Depois de um ínicio atípico por parte do piloto da Gauloises KTM, sucessivamente batido pelos outros pilotos da equipa, foi melhorando as suas prestações até chegar ao segundo lugar, a uma hora do líder. Mas quando parecia tudo decidido, na ante penúltima especial, uma queda provocou o abandono do espanhol Marc Coma, que liderava majestosamente até então. Despres consegue assim repetir o feito de 2004.
O pódio ficou completo com David Casteu e Chris Blais, que desempenharam a função de “aguadeiros” dos pilotos principais da KTM. A ausência de problemas graves nas suas motos, fizeram com que os resultados fossem aparecendo e “sem querer” acabaram no segundo e terceiro lugares.
Heldér Rodrigues foi um dos heróis do Dakar. Depois de ter vencido a especial de Portimão, com a Yamaha 450, assumiu a liderença, mas a entrada em África o atirou para trás da poderosíssimas KTM. Conseguiu manter um ritmo rápido, e não ter muitos percalços. Excepção a um furo que destruiu a roda traseira da moto, numa ligação antes de uma especial. Felizmente o colega de equipa, Bianchi Prata cedeu a sua roda traseira. Já em África, ainda somou mais uma vitória em etapa, e sendo o primeiro não KTM do pelotão, também venceu a classe 450, e foi melhor piloto da Yamaha.
Outro dos candidatos ao triunfo Isidre Esteve Pujol, viu a sua prova condicionada inicialmente devido a problemas de caixa de velocidades, e depois por causa de uma queda. Líder à saída de Marrocos, esforçou ao máximo para acabar na frente, mas foi em vão. Acabou na 30ª posição.
Paulo Gonçalves teve algumas etapas complicadas, e não conseguiu demonstrar todo o potencial da sua Honda 450. Na penúltima especial chegou a efectuar o segundo posto, mas os atrasos acumulados fizeram-no quedar-se pela 23º posição.
O algarvio Rúben Faria também foi uma das figuras da prova, ao vencer a primeira etapa tornando-se o primeiro líder da prova.Na segunda etapa foi vítima de uma queda, mas mesmo assim fez um segundo lugar. Em Marrocos, partiu o motor da Yamaha na quarta etapa, esperou pelo camião vassoura e continuou em prova, fazendo alguns bons tempos e recuperando várias posições. Na Mauritânia voltou a partir o motor da moto, mas desta feita abandonou.
A prova ainda ficou marcada por duas mortes – do sul africano Elmer Symonds vítima de queda e do francês Eric Aubijoux que sofreu uma síncope coronária na ligação da penúltima especial.
À chegada ao Lago Rosa, também os portugueses Nuno Mateus (32º), Carlos Ala Martins (74º) e Bianchi Prata (103º).
CARROS
À chegada a Dakar, Stephane Peterhansel salientou a importância da regularidade na vitória final, na frente de Luc Alphand. Os dois primeiros lugares foram ocupados pelos homens da Mitsubishi, que não venceu nenhuma etapa, mas acabaram com mais de hora e meia de vantagem para o terceiro classificado Jean-Louis Schlesser, num protótipo com motor Ford.
A grande derrotada é a Volkswagen, que apostou forte na vitória, e a certa altura pareceu possível. Carlos Sainz e Giniel de Villiers assumiram papel importante na prova. O primeiro porque venceu cinco etapas, e o segundo porque à saída do deserto liderava com uma vantagem confortável para os Mitsubishi’s, que pareciam incapazes de contrariar o ascendente dos VW. Foi na mesma etapa que a VW perdeu todas as hipóteses de vencer – Giniel de Villiers viu o turbo do Touareg pegar fogo, e Carlos Sainz viu o sistema eléctrico deixar de funcionar, acabando ambos rebocados até final.
Mark Miller, acabou por ser o melhor representante da equipa germânica, com um quarto lugar final, e vencendo a classe Diesel. Hiroshi Masuoka fechou o lote dos cinco primeiros na frente do árabe Nasser Al-Attyah que foi o melhor represente da BMW. A equipa BMW X-Raid, também teve uma prova cheia de dificuldades – Jutta Kleinschmidt não conseguiu mostrar as qualidades pelo qual é reconhecida (apesar de ter sido a melhor representante feminina da prova – 15.ª posição), Guerlain Chicherit sofreu um violento despiste e All-Attyah viu duas penalizações retirarem-lhe o terceiro lugar.
Na sétima posição, Carlos Sousa e Andreas Schulz, protagonizaram um insólito na prova, quando “desencontraram-se” no meio do deserto. Este desencontro que durou quase uma hora, foi alvo de alguma especulação sobre as causas, mas parentemente uma tempestade de areia, e um afastamento excessivo do piloto da Lagos Competições atirou-os para um lugar secundário. Até esse incidente ocupava a terceira posição, e até poderia ter ido mais longe.
A oitava posição foi ocupada pelo Hummer de Robby Gordon, que inclusive venceu uma etapa – inédito feito da marca americana, na frente de Carlos Sainz e Stephane Henrard, ambos com VW – Touareg e Tarek.
Das equipas principais, apenas há a referir ainda o abandono de Ari Vatanen com a viatura destruida por um incêndio. Um dos projectos mais mediáticos foi o PanDakar, com os pequenos Fiat tripulados por Miki Biasion e Bruno Saby, revelou-se um fiasco. Depois de muitas horas perdidas devido a atascanços na Comporta, a passagem nas primeiras dunas de Marrocos foi fatal, e acabou a participação na prova – que passou completamente despercebida nos principais meios de comunicação. Outra das viaturas mediáticas, era o Citroën 2CV de Georges Marques, que também não passou da etapa 4.
Entre os portugueses que chegaram ao final, Miguel Barbosa em Proto Dessoude acabou na 24ª posição depois de muitos problemas na viatura. Francisco e Nuno Inocêncio ficaram na 44ª e 76ª posições, respectivamente. Ricardo Leal dos Santos foi o segundo classificado na classe solitário (70ºda geral). Também chegaram ao fim Paulo Marques, Nuno Ferreira, Luís Ferreira e o “astronauta” Mário Ferreira.
CAMIÕES
A prova resume-se aos abandonos de Vladimir Chagin em Kamaz, vítima de acidente, e dos holandeses De Rooy, em Ginaf. Estes três elementos que à partida eram favoritos fora de prova, o terceiro elemento do pelotão, Hans Stacy em MAN subiu à liderança para não mais a largar.
Elisabete Jacinto, em MAN, ficou na 21ª posição da geral e venceu entre as concorrentes femininas.

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