As críticas ao PAX, nomeadamente quanto à postura da organização, quase ofuscaram os resultados desportivos, esses sim mais relevantes.
A dúvida na competição reservada às motos residia na luta entre portugueses e os especialistas do Dakar, Marc Coma e Cyril Despres, que curiosamente também seria na luta de Honda 450 versus KTM 690. E foi um português que brilhou. Ruben Faria entrou ao ataque na primeira etapa, assumindo a liderança. Apesar de não conseguir vencer a segunda etapa, manteve a liderança entre as motas... e daqui até final foi somar vitórias em etapas e uma justa vitória final. Cyril Despres foi o segundo classificado e Marc Coma fechou o pódio. Estes concorrentes ainda trocaram de posições na segunda etapa, mas o espanhol teve sérias dificuldades nas restantes etapas. Hélder Rodrigues e Paulo Gonçalves também estiveram em destaque, em espaços intrometendo entre os primeiros e acabando na 4ª e 5ª posições.
A presença das marcas oficiais VW, Mitsubishi e BMW com os seus principais pilotos garantiam competitividade e espectáculo, e assim aconteceu. Carlos Sainz foi o “ponta-de-lança” de serviço, andando sempre muito depressa, aproveitando as características do terreno, muito próximas do rali, mas também foi prejudicado por abrir a estrada. Nas etapas que era o primeiro na estrada apanhava constantemente os motards mais atrasados, e como tal alguma dificuldade nas ultrapassagens não permitiu criar um “fosso” maior. Teve a sorte (ou engenho) de sair na etapa dupla atrás dos Mitsubishi e com isso somar importantes minutos que seriam cruciais no final da prova. Mas também existem imprevistos, e foi na última especial a 15 quilómetros do fim que Sainz deitou tudo a perder com um capotanço. Perdeu a vantagem que trazia até então sobre o mais directo rival, e desceu para a segunda posição. Com isto tudo Stephane Peterhansel somou um triunfo, com mérito pois foi o único elemento da Mitsubishi que demonstrou argumentos para lutar pela vitória. Curiosamente, este modelo fecha com chave de ouro as suas participações em provas a título oficial, pois será substituído por uma nova viatura, a estrear na Baja de Portalegre.
Na terceira posição ficou Luc Alphand com um Mitsubishi. O piloto francês foi o primeiro comandante da prova, mas na segunda etapa caiu na classificação. Gradualmente recuperou algumas posições, também graças a azares de adversários. Giniel de Villiers foi 4º, demonstrando não se sentir à vontade em traçados tão técnicos e sinuosos.
Nasser Al Attyah foi uma das desilusões da prova. Depois das exibições em provas anteriores, e sabendo do estilo sempre muito aguerrido, o piloto do Qatar não conseguiu transformar em resultados. Entrou com o pé esquerdo, perdendo muito tempo devido a uma má afinação na suspensão. Recuperou nos dia posteriores e chegou a vencer a última etapa, mas já se encontrava muito longe para alcançar algo mais que a quinta posição.
Filipe Campos foi o melhor português, e melhor piloto privado, acabando na sétima posição da geral. Imprimindo um ritmo muito próprio, rodou quase sempre isolado, pois não tinha argumentos para contrariar os adversários oficiais, mas também não teve oposição dos restantes elementos do nacional. Curiosamente foi o único português nos dez primeiros.
Verdadeiramente azarado esteve Pedro Grancha. O piloto da Navara sul-africana andou no top ten, e sempre como segundo português, mas abandonou no último dia de prova, quando parecia ter deixado para trás a maré de azar que o acompanha esta época.
O último dia de prova ficou marcado por uma paragem da etapa, devido a um incêndio provocado pela quebra de um fito de alta tensão, por parte de um helicóptero da organização. A paragem durou mais de um hora, mas a escassa informação promoveu à saida do troço por parte de alguns espectadores que se haviam deslocado à zona espectáculo de Portimão.
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