quarta-feira, outubro 15

Onboard in Castro Marim

Já passaram quase três semanas do Rali de Castro Marim, mas ainda não tive oportunidade para reportar a minha passagem na prova.

Dando continuidade à parceria com o Zé Correia no BMW 325 IX, a terceira prova do campeonato regional, era encarada com optimismo, confiando na fiabilidade da viatura para alcançar um bom resultado. Obviamente que a extensão das especiais, mais de 18 a primeira e 15 na segunda, traria responsabilidade acrescidas, pois seria necessário manter o ritmo, a concentração e a voz durante algum tempo. A estes factores podemos juntar o mau tempo, que aumentava as dificuldades.

Os reconhecimentos foram feitos na tarde de Sábado, e a extensão da prova trouxe dificuldades aos demais, pois nas três horas disponíveis foi em ritmo acelerado que as notas foram retiradas… e rectificadas.

A tromba de água que caiu na noite de Sábado para Domingo, trazia à memória o sucedido em Martinlongo. A preocupação residia no estado dos pisos (embora com a noção que não seriam tão enlameados), nas passagens das ribeiras e no facto dos vidros inevitavelmente ficarem embaciados.

O CAA decidiu manter o traçado inicial, confirmando existirem condições para a realização integral da prova. Uma decisão a meu ver correcta, que vai de acordo com uma política de aumentar a extensão e consequentemente a diversão.

À partida da primeira especial com 18 km, já a visibilidade era quase nula, pois por mais que limpasse o vidro, ele voltava a ficar “nublado”. Felizmente, o Zé do seu lado, esticava os braços e conseguia limpá-lo. A passagem no asfalto foi muito rápida, e quem sabe decisiva. O ritmo imposto era elevado mas sem correr grandes riscos. À passagem da primeira ribeira, após a zona de cascalho, um primeiro número artístico: Numa sequência lenta, após uma lomba havia uma nota que dava conta de um corte que permitiria efectuar uma sequência rápida. Não fosse o facto da terra ter ficado empapada, e o carro tivesse atolado, as coisas podiam ter corrido de feição. Perdemos uns alguns segundos a sair da lama. A esta altura notava-se que a viatura fugia um pouco de traseira. A curva de ingresso no troço da Tenência , foi bem conseguida, e recebemos uma feedback positivo da nossa passagem. Aliás, a passagem pela sequência do troço do ano passado as coisas correram razoavelmente bem, com uma condução muito aguerrida. À entrada da zona mais rápida (nova extensão final) um novo susto, que desconcentrou-nos um pouco: a mais de 120 km/h damos de frente com um cão de porte médio no meio da estrada a correr para a viatura. Numa fracção de segundo o cão fugiu e livrou-se de um destino certo. Poucos quilómetros à frente, foi a minha vez de “borrar a pintura”…pois sem certeza de onde me encontrava perdi momentaneamente nas notas.

O primeiro troço estava no fim e para acabar em grande, nada melhor que um toque depois da placa da tomada de tempos para acabar em grande. A travagem falhada numa curva apertada após a TT, fez com que a “Ritinha” fosse para cima de um monte de detritos, danificando o pára-choques e guarda lamas… Felizmente não passou disso. As informações do resultado não podiam ter sido melhores – 5º da Prova Especial, superiorizando a elementos que normalmente rodam à nossa frente.

Na ligação foi perceptível que algo estava mal, pois cada curva para a direita a viatura escorregava de traseira. O triângulo traseiro do lado esquerdo estava danificado, e parecia ter rodas direccionais (existem fotos onde é perceptível o facto… e até deverá ter sido na passagem pelo asfalto logo no início do rali).

Sabendo das dificuldades em andar com a viatura nestas condições, o plano passava por alguma contenção mas minimizando os efeitos no andamento… ou seja, a fundo que o rali é para a frente. O resultado na primeira especial foi moralizador, e a passagem na parte inicial do troço do Azinhal foi feito em bom nível… numa das melhores exibições da equipa esta temporada. Até à passagem pela zona do cemitério as coisas corriam bem e aproveitando o traçado rápido e estrada comprida o plano corria às mil maravilhas.

À entrada da zona mais sinuosa, o ritmo tinha que ser mais recatado, pois para além dos problemas com o triângulo traseiro, também o facto da brecagem da viatura em curvas apertada ser diminuído em relação à velocidade.

Após uma recta de 80 metros, uma curva à direita, um pequeno excesso e… “Ritinha” caiu por um barranco. Não havia volta a dar, descaiu, ficou sobre rodas, e era impossível retirar de lá (se fosse mais leve). O abandono estava confirmado…

Se as coisas estavam mal, a tromba de água que se seguiu não melhorou. Foram largos minutos à chuva, a ficar ensopados até às “ceroulas”. A nossa salvação foi um dos postos rádio da organização que estava posicionada a alguns metros do local do despiste. Ficamos a assistir à passagem da caravana – Motorali e depois 2ª passagem do pelotão regional.

Entre as duas passagens, “ganhamos” a companhia do Nuno Venâncio e do Carlos Agostinho, que desempenhavam as funções de carro0 e tiveram o mesmo problema – despiste com a viatura a ficar inacessível. Abrigados da chuva que não parava de cair, apesar dos infortúnios, a boa disposição imperava dentro do jipe da organização.

Após o final da prova, foi o Zé Peixe Rei que nos desenrascou, pois tinha um jipe com gancho e após algumas investidas, colocou viatura de volta à estrada… que foi a rolar até ao parque de assistência.

Infelizmente, na zona onde estávamos também abandonaram o Nuno Venâncio, o Alex Ramos e o Marco Gonçalves, mas estes tiveram mais azar. Uns “espectadores” lembraram-se de arrombar as viaturas e roubar os capacetes e respectivas centralinas das suas viaturas.

O resultado final foi negativo, o andamento pelo contrário muito positivo, mas o certo é que foi o segundo abandono e a queda para a 17ª posição do campeonato. Próxima prova será o Rali de Loulé, com o pelotão do Campeonato Open e Júnior de Ralis.

UFFF… perdão pelo testamento.
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