O júri português reuniu-se esta manhã e escolheu Miguel Campos como representante português no BF Goodrich Drivers Team. O piloto famalicense tem assim a oportunidade de regressar à alta competição com uma viatura competitiva, inserido numa estrutura profissional. O responsável da Kronos, Marc Van Dalen foi premptório na análise sobre a escolha, referindo que Miguel Campos deverá lutar por um lugar entre os cinco primeiros.
Como é óbvio o resultado não agrada a todos, principalmente aos adeptos que demonstraram o favoritismo por outros concorrentes. O concurso inicialmente destinava-se a pilotos promissores, que não tinham possibilidades financeiras para participar de forma competitiva nos ralis, com viatura ganhadora. Quando saíram os requesitos para participar no concurso (nacionalidade portuguesa, licença desportiva num dos últimos três anos e e apresentar um currículo) todos os pilotos portugueses podiam participar neste evento. Foram 45 concorrentes que apresentaram a candidatura, alguns mais mediáticos, mas mesmo os mais cépticos sabiam quais os favoritos. Estranhei a ausência de Vítor Calisto entre os candidatos, pois se não tivesse retirado da competição no final da temporada passada, certamente apresentava a sua candidatura. Nem que fosse para demonstrar o irónico da situação.
A Kronos/BF Goodrich em parceria com o ACP escolheram Miguel Campos, Rui Madeira e MEX como finalistas. Os elementos ligados à imprensa procederam à selecção final por voto secreto, tendo Miguel Campos oito votos, Rui Madeira cinco e MEX três votos. A escolha destes três nomes não será de todo surpreendente, pelas razões apontadas anteriormente. A previsão não saiu defraudada.
Efectuando uma análise realista sobre a intenção deste concurso. Em primeiro promover a marca BF Goodrich e a equipa Kronos. Todos o mediatismo inerente a este concurso, mesmo as polémicas promoveram a marca. Falem bem ou falem mal, concordando ou discordando, este evento foi um sucesso para a marca de pneus. Faz lembrar o caso da Bet and Win quando patrocinou a Liga Portuguesa – obteve mais tempo de antena devido à concorrência aos jogos da Santa Casa da Misericódia, do que propriamente pelo patrocínio.
Depois, obviamente que a Kronos gostaria de ter um “trunfo na manga” para o Rali de Portugal. Neste momento tem um dos melhores concorrentes do IRC na sua equipa, o Nicolas Voullouz, e outro que pela experiência também poderá ter uma palavra a dizer – Freddy Loix. Mas, se possível gostavam de ter nas suas fileiras um concorrente que ande nos lugares cimeiros, retire pontos aos adversários, com fácil adaptação à viatura, promova a equipa e com uma relação priviligiada com a imprensa. Não tirando o mérito pelos restantes candidatos, ao aparecer Miguel Campos na contenda, os restantes ficavam em “maus lençóis” – o currículo e experiência falam por si. Desde as relações com a Peugeot Sport, à carreira internacional, aos resultados com as diferentes viaturas de diferentes classes, foi sempre um piloto competitivo. Um dos seus “azares” foi ter como adversário Armindo Araújo, que o relegou para número 2… mas já havia acontecido o mesmo com o Adruzilo no 206 WRC. Tratava-se de um ciclo.
O piloto que mais se aproximava de Miguel Campos era Rui Madeira, tanto pela postura como pelo palmarés. A diferença poderá residir na capacidade de intromisssão nos lugares cimeiros. Neste momento, o piloto de Almada primará pela regularidade, com uma postura mundialista “Sainziana” (anda lá em cima, mas não chega ao topo). No caso da terceira escolha, recaiu sobre o MEX como poderia ter sido outro concorrente equiparado, como António Rodrigues ou Ricardo Teodósio. Nos pârametros da selecção dificilmente eram escolhidos.
Quanto às expectativas para a prova – das duas uma, ou tudo decorrerá dentro do planeado, seguindo as intenções da Kronos. Ou piloto será sacrificado pela imprensa e pelos adeptos, sendo as responsabilidades também atribuidas ao ACP e aos elementos do júri. Neste momento, alguns já recordam as “desculpas” da era Subaru, e a exibição menos conseguida nos ralis internacionais de 2006 – Portugal e Rali Vinho Madeira.
Para completar a informação, falta saber quem ocupará o lugar de navegador do piloto português. Dia 5 de Maio decorrerá o primeiro teste de adaptação de Miguel Campos ao Peugeot 207.
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