O Rali de Portugal foi fértil em abandonos. De todos os tipos e para todos os gostos, desde os principais protagonistas, aos menos rápidos, desde o ínicio até à ligação para o último troço. Se a qualidade fosse medida nas desistências, certamente era uma prova para recordar.
O “mundialista” François Duval voltou aos ralis de terra, enquanto espera pela fase de asfalto do WRC. Convidado pela organização, tripulou um Fiat Punto S2000 da Procar. Com o estatuto FIA A, ostentou o número 1 de porta e teve a díficil tarefa de abrir os troços. Nas primeiras especiais, foi batido constantemente pelos principais adversários, mas nas segundas passagens foi melhorando os tempos, beneficiando em Loulé2 por ser o único a passar com o tempo seco. No final do primeiro dia ocupava a 3ª posição, a 15,7 segundos da liderança. No segundo dia começou ao ataque, ultrapassando Nicolas Vouilloz na especial de Ourique, e aproximando-se de Luca Rossetti. Infelizmente, um problema com um rolamento do Fiat antes da especial 10, levou ao abandono, quando estava em condições de lutar pela vitória.
O animador de serviço foi Didier Auriol. Com um Punto S2000 da Grifone, e navegado por Denis Giraudet, deu espectáculo de início até ao abandono, sendo o concorrente mais aplaudido da Super Especial, dando continuidade a essa exuberância na estrada. O segredo do sucesso, o estilo de condução à anos 80/90, “jogando” a viatura nas curvas, optando pelo “slide” e “drift”. Mesmo com uma condução desfavorável ao cronómetro, subiu à 3ª posição do Rali. Desistiu antes da especial 11 (Santana da Serra 2) com problemas de suspensão.
De regresso a Portugal, Armindo Araújo teve uma prova para esquecer. Afirmando que o objectivo seria preparar o mundial de ralis, contava com uma luta pelos lugares cimeiros, principalmente com os concorrentes do PWRC. Depois de um excelente 3º lugar na super-especial, a participação no Rali de Portugal ficou-se na especial nº2 – Loulé 1, quando o turbo do Mitsubishi Lancer deixou de colaborar ( embora mais parecesse problemas de motor). De regresso no segundo dia, mostrou mais do mesmo, com uma viatura pouco colaborante. Apenas nas últimas especiais teve o carro minimamente em condições, mas seria difícil arranjar termo de comparação, pois os restantes elementos do pelotão abradaram o ritmo. Mesmo assim, destaque para o 3º tempo da geral em Ourique 2, apenas batido por Basso e Stohl. Comparativamente aos rivais do mundial, tanto Aigner como Hanninen tiveram uma prova mais proveitosa, levando vantagem para as provas do PWRC.
Representando as cores da Kronos Team Belux, Freddy Loix regressou ao Rali de Portugal com um Peugeot 207 S2000. Com o rótulo de “ultrapassado”, o piloto belga quis deixar a impressão contrária, e quase o conseguiu. Depois de uma entrada comedida, venceu o troço de Vascão 1 de forma convincente, mas de seguida voltou a perder tempo em S.Brás. Loix decidiu atacar na segunda secção, mas um furo em Loulé fê-lo perder mais de dois minutos, quando registava o melhor tempo nos parciais. Na especial seguinte, o extintor disparou no interior da viatura e após uma desconcentração bateu numa rocha furando novamente. Para além de danificar a transmissão da viatura, também não possuia mais suplentes, quando faltavam duas ligações e uma especial para a assistência. Optou por não regressar no segundo dia de prova, assistindo ao rali na estrada.
Brice Tirabassi regressou a Portugal e teve um desempenho positivo. Andando constantemente nos lugares da frente, ocupava a sexta posição com o Peugeot 207 S2000, quando um despiste na especial de Ourique 1, terminou com a prestação do francês.
A passagem de Anton Alen no Rali de Portugal foi curta. Problemas de transmissão no Fiat Punto da Abarth, no primeiro troço de sexta-feira levaram ao abandono, ainda antes da vertente competitiva começar. Foi mais notória a presença de Markku Alen nas assistências, pois opta por não assitir às passagens do filho. No segundo dia de prova, participou nos primeiros 3 troços, registando um 2º e 4º tempos às geral, em Ourique e Almodôvar, respectivamente. À semelhança do que aconteceu com Navarra na Madeira, abandonou após a primeira ronda.
Frustante, deve ser o adjectivo que melhor descreve o espírito de Dani Solá nas especiais do Rali de Portugal. O piloto espanhol queixou-se de problemas com o motor do Punto S2000 da Procar. A trabalhar a apenas 3 cilindros e com falta de potência, “arrastou-se” até ao início da especial 11-Santana da Serra 2, altura que a viatura cedeu. Fica apenas a dúvida se o piloto esteve a 100%.
O regresso de Miguel Campos, inserido no BF Goodrich Drivers Team era um dos motivos de interesse do rali. Alguma expectativa no seu desempenho, principalmente motivada pela escolha do piloto famalicense e pela adaptação nos testes. Na prova a falta de ritmo e experiência nestas viaturas vieram ao de cima, rodando atrás do pelotão internacional. Para ajudar na discrição o facto de ter rodado no pó de adversários durante duas especiais. No segundo dia dia queixou-se de alguns problemas mecânicos na viatura, nomeadamente a perda de potência. Acabou o rali na oitava posição, mas a quebra do alternador após a última especial impediu o português de trazer a viatura para a assistência, e parque fechado. Um final inglório para Miguel Campos, numa prova em que se esperava mais do piloto.
O húngaro Janos Toth, em Peugeot 207 S2000 passou praticamente despercebido no Rali de Portugal. Desistiu nos dois dias de prova, ambas por avaria mecânica.
O francês Julien Maurin, navegado pelo experiente Gilles Thimonier, num Subaru Impreza WRX teve uma prova para esquecer. Muitos problemas com a viatura nas primeiras especiais fizeram-no penalizar 4:30. Apesar de circular entre os concorrentes mais atrasados era reconhecida uma espectacularidade na passagem pelos troços, que não consistia com o lugar na tabela classificativa. A prova acabou a duas especiais do fim com a cedência da transmissão do Subaru.
Uma das exibições mais aguardadas era de Bernardo Sousa, principalmente no entrosamento com Jorge Carvalho num Mitsubishi Lancer EVO IX da Red Bull. Os mais cépticos apontavam o abandono por despiste como certo, mas o madeirense surpreendeu tudo e todos quando ocupou a liderança da classificação reservada aos portugueses (8º da geral). Mesmo queixando-se de alguns problemas numa roda (após um toque), Bernardo Sousa imprimiu um andamento rápido, e tinha tudo para vencer o primeira dia entre os portugueses. Uma passagem exuberante num ribeira, danificou as pás da ventoinha e o radiador, promovendo o abandono após a especial de Loulé 2, última do dia. Ingressou no Super Rally, mas furou na primeira PE, perdendo alguns minutos na troca de pneus. Percorreu mais alguns quilómetros e despistou-se, abandonando de vez o rali de Portugal. Se por um lado, surpreendeu no primeiro dia, por outro voltou às despistes, dando razão aqueles que apontam como errada a atitude de Bernardo Sousa.
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