A equipa italiana Luca Rossetti e Matteo Chiarcossi, em Peugeot 207 S2000, sagrou-se vencedora do Rali de Portugal, edição de 2008, a contar para o Intercontinental Rally Challenge. Numa prova com mais de uma dezena de candidatos, Rossetti trazia na bagagem três vitórias em outras tantas participações no IRC, e estatisticamente seria o principal candidato, embora o factor sorte foi proponderante nos seus resultados. Surpreendendo pelo ritmo imposto, tem o mérito de adaptar ao conceito da viatura S2000, e à proibição da mousse anti-furo. O mesmo será dizer que consegue andar depressa, poupando a mecânica e evitando o desgaste do pneu. Já o havia feito em Instambul e voltou a fazê-lo no Rali de Portugal. Foi o único concorrente que evitou problemas, travando uma luta titânica com Nicolas Vouilloz durante o primeiro dia, e a espaços contou com a rivalidade de Bruno Magalhães e François Duval. Sai de Portugal com mais um triunfo, subindo o seu recorde para quatro vitórias em outras tantas participações, aumentando a liderança no IRC. Verificando a estrutura que o acompanha, as limitações orçamentais e as equipas oficiais que defronta, todos os seus sucessos são meritórios e memoráveis.
Preocupante o facto dos restantes concorrentes terem sofrido problemas ou percalços. Desde suspensões quebradas, a eixos de transmissão partidos, rolamentos, motores, e muitos furos, tudo foi determinante para o escalonamento final do rali. Tal como antevia, a fiabilidade destas viaturas (N4), tanto S2000 como convencionais, deixa muito a desejar, mas não que atingisse tais proporções. Pior se pensarmos que os futuros WRC passam pelas evoluções destas viaturas, que teoricamente serão mais susceptíveis a problemas.
Protagonizando uma das surpresas da prova, a segunda posição ficou na posse de Jan Kopecky e Petr Stary, em Peugeot 207 S2000. Os testes no fim-de-semana que antecedeu a prova deixaram bons indicadores para o Rali de Portugal, no entanto após as primeiras especiais percebeu-se que a equipa não tinha argumentos para discutir a vitória. Para piorar a situação problemas de caixa de velocidades fizeram abrandar o ritmo no primeiro dia. Mantendo-se no mesmo nível foi somando bons tempos, sem distanciar-se dos concorrentes que discutiam os lugares cimeiros. Conforme estes eram assolados por problemas, alguns deles abandonos, a equipa da Champion Racing subiu na classificação, até alcançar o segundo lugar a três especiais do fim do rali.
Num pódio totalmente Peugeot, Nicolas Vouilloz ocupou a terceira posição. Estando no lote dos favoritos à vitória, não deixou os créditos por mãos alheias, travando com Rossetti uma batalha ao segundo na primeira etapa. Chegou a liderar a prova, mas optou por levantar o pé na última especial do dia, com o intuito de deixar Rossetti abrir a estrada no dia final. Essa estratégia não trouxe frutos, muito pelo contrário. Foi claramente batido nas especiais matinais de Sábado, perdendo muito tempo para Rossetti, e vendo François Duval lhe retirar a segunda posição. Na ânsia de recuperar na primeira passagem pela especial de Almodôvar, furou e perdeu mais de dois minutos, perdendo alguns lugares e a possibilidade de discutir a vitória. Do mal menor, recuperou duas posições a Hanninen e Auriol, subindo ao último lugar do pódio, mantendo o segundo lugar no IRC.
Um forcing final permitiu que Giandomenico Basso e Mittia Dotta subissem ao quarto, sagrando os melhores (e únicos) representantes da Abarth no rali. Depois do abandono no Rally de Instambul, e de um capotanço nos testes no Algarve, a confiança de Giandomenico Basso estava abalada. Intuitivamente, o piloto italiano queria demonstrar o contrário, e fê-lo da melhor forma iniciando o rali ao ataque e intrometendo-se entre os homens da Peugeot. Mas na especial 6, Vascão 2, Basso furou e perde mais de três minutos descendo para a décima posição. Decidido a inverter a maré de azar que lhe acompanha, entrou ao ataque na segunda etapa e ultrapassou Bruno Magalhães na especial de Santa da Serra. Aproveitando os azares dos adversários foi subindo na tabela classificativa. Com Hanninen a mais de um minuto, encetou uma perseguição ao finlandês que deu os seus frutos na última especial, superiorizando-o por 2,5 segundos.
Convidado pela organização, Juho Hanninen foi o melhor dos Mitsubishi Lancer, acabando a prova na quinta posição. Tripulando um EVO IX da Ar Vidal, o piloto finlandês não fez jus ao estatuto de piloto espectáculo, muito pelo contrário, efectuou uma prova muito sóbria, mas eficaz. Sem grandes exuberâncias efectou alguns bons cronos e sai de Portugal com melhor resultado que seus rivais no PWRC (Aigner, Armindo e Bernardo sousa) . Por pouco não segurou Basso atrás de si, mas com uma viatura que não a sua, sem as especificações a que está habituado, pouco mais podia fazer.
Na sexta posição ficou a melhor equipa portuguesa, Bruno Magalhães / Mário Castro em Peugeot 207 S2000. Tinham o intuito de dar o seu melhor, e se possível discutir a vitórias. As coisas até nem correram mal, pois à terceira especial da prova estavam na liderança, com 2,7 segundos de vantagem para Vouilloz e 5,9 para Basso. Mas a primeira passagem por São Brás de Alportel foi decisiva. Na parte final da especial, sairam de estrada, capotando numa zona com piso escorregadio. Mesmo saindo de estrada lentamente e sem grandes estragos, levaram mais de 3 minutos a colocar o carro de novo operacional. Juntaram-se ao extenso lote de concorrentes afastados da vitória. A estratégia da equipa mudou, e concentrou-se apenas no campeonato nacional. Com duas pontuações em jogo no campeonato português, abdicaram da luta com os concorrentes do IRC, e jogaram pelo seguro.
Tripulando um Peugeot 207 da Munaretto, Manfred Stohl, navegado por Ilka Minor, estreava-se no IRC e num S2000. Demonstrando o profissionalismo e competitividade a que nos acostumou, efectuou uma rápida adaptação ao veículo, com intromissão nos lugares cimeiros. Mas na segunda secção do primeiro dia, o motor do 207 S2000 foi pouco colaborante. Falta de potência fê-lo perder algum tempo, e posições. Acabou a primeira etapa na 12º posição. Beneficiou da vaga de abandonos do segundo dia para recuperar até à sétima posição final.
O austríaco Andreas Aigner aproveitou o Rali de Portugal para preparar o mundial de Produção. Inserido na equipa Red Bull, o colega de Bernardo Sousa teve uma relação difícil com o piso português, mais precisamente com os pneus Pirelli e os furos que condicionaram o seu rali. Furou nas especiais do Vascão 1 e Loulé 2, totalizando mais de 6 minutos perdidos e caindo na geral. Efectuou uma prova isolada, subindo no último dia de prova até ao oitavo lugar. Fica para história a sua vitória no último troço do rali, o único alcançado por um Grupo N convencional não S2000, na edição de 2008.
Fernando Peres e José Pedro Silva acabaram na nona posição, com o Mitsubishi Lancer EVO IX. Numa prova onde normalmente é atingido pelos azares, este ano não foi excepção – furos, problemas com caixa de velocidades e de motor, tudo afligiu-os no primeiro dia de prova. No segundo dia isento de problemas conseguiram ultrapassar Adruzilo Lopes e Vitor Pascoal na última especial do rali.
Uma das surpresas veio da parte de Adruzilo Lopes e André Cortinhas. Com um Subaru Impreza Spec C da ARC Sport, conseguiram superiorizar concorrentes mais bem equipados. Arrisco a dizer que com a viatura mais antiga do pelotão fez valer do experiência para arrecadar um lugar nos dez primeiros. A posição não foi melhor, porque um toque na especial de Ourique 1 deixou algumas mazelas no Subaru, e influenciou no comportamento da viatura.
Como no IRC a regra do Super Rally não se aplica na classificação final, apenas 22 concorrentes cumpriram o rali na totalidade.
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