quarta-feira, agosto 4

Histórias do Vinho Madeira


O Rali Vinho Madeira tem 50 edições. Terá certamente muito mais de 50 histórias para contar. De todas essas provas, a mais incrível terá acontecido em 1969. Tudo porque nesse ano, apesar de um número razoável de inscritos, apenas um piloto conseguiu terminar o rali: Américo Nunes.


Um continental que nesse rali conduziu um Porsche 911, carro que ficou célebre por deter a alcunha 'bomba verde'.



Anos depois, Américo Nunes explicou o elevado número de desistências pela "dureza da prova". Mais. Apesar de ter sido o único a terminar o rali, venceu a prova por um 'triz'. A vitória foi-lhe atribuída graças ao testemunho do dono de uma quinta que garantiu que Américo Nunes tinha estado no local. Tudo porque um controlo de passagem dos pilotos do rali não tinha sido colocado onde devia.

Até aos nossos dias, Américo Nunes foi o piloto português que mais vezes ganhou o Vinho Madeira: quatro. A saber, em 1968/ 69/ 70 e 77. Conseguiu ainda escrever o nome no pódio por mais três vezes: duas vezes em segundo e outra em terceiro lugar.

Com 50 anos de rali, Nunes apenas foi igualado por um dos nomes mais míticos do rali: Andrea Aghini que também conseguiu quatro vitórias na geral entre a década de 1990 e 2002. A saber: 1992/94/ 98/ 2002.

Só dois madeirenses venceram

Desde a primeira edição que o Rali Vinho Madeira atrai a atenção de alguns dos melhores pilotos de rali de sempre. Por isso, nas últimas duas décadas foram raras as vitórias dos pilotos portugueses. Nos últimos 20 anos, o rali foi vencido por apenas quatro portugueses: Fernando Peres em 1996 ao volante do Ford Escort Cosworth, Adruzilo Lopes em 2001 com um Peugeot 206 WRC, Miguel Campos em 2003 também com um Peugeot 206 WRC e por fim, um madeirense, Vítor Sá, em 2004 ao volante de uma Peugeot 306 Maxi Kit Car.

Com esta vitória, Vítor Sá foi o segundo madeirense de sempre a vencer a maior prova automobilística da Região, depois do saudoso 'Janica' Clemente tê-lo feito em 1975 ao volante do Escort 1600-RS, onde foi pilotado por Miguel de Sousa, presidente da Empresa de Cervejas da Madeira. Alguns anos depois deste feito, 'Janica' Clemente recordou que tinha ficado à frente do Opel 1904-SR, de António Borges que tinha mais de 40 cavalos que o Escort que conduzia.

Quatro Campeões do Mundo

Se dúvidas existissem sobre a qualidade dos pilotos que vêm à Região, seriam dissipadas assim que fosse tido em conta os pilotos que já estiveram na Madeira e foram Campeões do Mundo de Ralis. Contudo, nem todos conseguiram ganhar na Madeira. Foi esse o caso de Carlos Sainz. Veio à Região pelo menos três vezes (1985, 86 e 87), mas nunca sequer conseguir ficar no pódio. Três anos depois sagrava-se Campeão do Mundo de Ralis, feito repetido em 1992. Em ambas as ocasiões conduziu um Lancia Delta. Também Bjorn Waldegard, Campeão do Mundo em 1979, esteve na Região ao volante de um Porsche.

Feitos diferentes conseguiram Ari Vatanen e Massimo Biasion. Ambos foram Campeões do Mundo de Ralis mas conseguiram vencer na Madeira. Vatanen foi Campeão do Mundo de Ralis em 1981 com um Ford Escort RS 1800. Venceu na Madeira em 1978 com um Escort 2000-RS.

Já Massimo Biasion foi Campeão do Mundo em 1988 e 1989, com um Lancia Delta e venceu na Madeira em 1983. Serão meras coincidências?

Um regresso aos anos 80 dos século passado oferece-nos um número bem maior de inscritos. Em três listas em que o DIÁRIO teve acesso graças a um grande apreciador de ralis, é possível ver que em 1985 participaram 96 pilotos, enquanto no ano seguinte a lista atingiu os 122 inscritos. Eram mais de duas horas a ver o rali 'passar' numa só classificativa. Em 1987 inscreveram-se 103 concorrentes.

retirado de Diário de Notícias da Madeira

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